Variações do tempo, mudanças bruscas de temperatura e os reflexos na saúde foram a base do tema da conferência " Elementos de biometeorologia humana e saúde" , ministrada pelo cubano Luís Bartolomé Lecha Estela, do Centro de Estudos e Serviços Ambientais (Cesam) da Universidade Central Maria Abreu de Las Villas (UCLV). A palestra no ministrada no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), na semana passada, abordando os fatores de alto risco que contribuem para o aumento da ocorrência de doenças crônicas e transmissíveis, de forma direta e indireta e que potencialmente aumentam a prevalência de algumas enfermidades.
Lecha e colegas desenvolveram uma metodologia de classificação biometeorológica com o objetivo de avaliar os efeitos do tempo no ser humano. Os métodos buscam avaliar as condições peculiares do clima tropical cubano e da adaptação da população às condições meteorológicas locais. " Os prognósticos que desenvolvemos em Cuba estão direcionados aos médicos das instituições de saúde e auxiliam na prevenção de doenças com alta incidência, como asma, problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, cefaleias, hepatite, meningite, dengue e malária" , disse Lecha à Agência FAPESP . Os resultados preliminares do estudo foram publicados na Revista Cubana de Salud Pública.
O pesquisador esteve no Brasil para ministrar um curso na Faculdade de Saúde Pública da USP e divulgar o método que desenvolve em Cuba há mais de 20 anos. A vinda de Lecha teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Pesquisador Visitante
" A cidade de São Paulo é um laboratório importante para se estudar essa relação. Pretendemos criar um programa a partir dos métodos desenvolvidos por Lecha" , disse Helena Ribeiro, diretora da Faculdade de Saúde Pública da USP.
" O método avisa com até 180 horas de antecedência a ocorrência de condições favoráveis para o desencadeamento de crises de saúde e utiliza como principal indicador a variação em 24 horas da densidade parcial de oxigênio no ar, o tipo de situação predominante e a ocorrência de efeitos locais de contaminação atmosférica" , explicou a professora Helena.
Lecha apresentou os resultados do método biometeorológico, que foi aplicado como projeto piloto no município de Sagua La Grande, província de Villa Clara. Os dados analisados referem-se ao período do inverno cubano, entre dezembro, janeiro e fevereiro de 2006 a 2007.