Uma experiência brasileira bem-sucedida em saúde bucal poderá se repetir na África. O Ministério da Saúde pretende realizar um levantamento dos principais problemas odontológicos dos moçambicanos até o fim de 2011. Em parceria com o governo de Moçambique, técnicos brasileiros vão traçar o perfil epidemiológico da população na área de saúde bucal. O objetivo é implantar um modelo de prevenção, baseado no programa Brasil Sorridente, que beneficia hoje 91,3 milhões de brasileiros.
A iniciativa integra o conjunto de 11 projetos de cooperação em saúde desenvolvidos pelo Brasil no país africano. Nesta quinta-feira, 4 de fevereiro, mais de 40 gestores e representantes de vários órgãos ligados ao Ministério da Saúde se reuniram na sede da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em Brasília, para discutir a execução dos acordos e os principais desafios. O encontro foi organizado pela Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde (Aisa) do Ministério.
" O enorme êxito brasileiro nos últimos 20 anos com solução em várias áreas da saúde se tornou um parâmetro para os países africanos porque os nossos problemas de antes são muito parecidos com o que eles enfrentam hoje" , declarou Antonio de Souza e Silva, embaixador do Brasil em Moçambique, durante a reunião na Opas.
Entre os acordos de cooperação mantidos entre os dois países, está a construção de uma fábrica de medicamentos antirretrovirais em Moçambique e a implantação de centros de regulação de medicamentos e de bancos de leites maternos. Destacam-se também o rastreamento de câncer de mama, de colo de útero e de doenças relacionadas ao tabagismo e a formação de pesquisadores moçambicanos em universidades brasileiras.
" A intensificação da cooperação entre países do eixo Sul-Sul é uma característica do governo Lula. O número de acordos de cooperação técnica assinados na área de saúde, por exemplo, supera o que foi assinado antes" , enfatizou Eduardo Barbosa, assessor para Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde.
Até 2003, o país tinha assinado menos de dez acordos internacionais em saúde com países em desenvolvimento. Hoje, são 107 atos firmados com 42 nações financiados pela Agência Brasileira de Cooperação, vinculada ao Ministérios das Relações Exteriores. Desse total, 40 são mantidos com países lusófonos. Moçambique responde por 40% desses acordos. Em seguida vem Angola (23%), São Tomé e Príncipe (17%), Cabo Verde (13%) e Guiné Bissau (7%).