O diretor do Departamento de Ciências da Vida da organização francesa Comissão de Energia Atômica e de Energias Alternativas (CEA), Gilles Bloch, esteve na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para discutir possibilidades de parcerias com a instituição. " O Brasil é um país muito grande, com rápido crescimento em diversos campos da saúde, sendo assim, um parceiro estratégico para nós. Essa parceria será muito benéfica para as duas instituições" , disse.
O~diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenador do Laboratório Internacional Associado de Imunoterapia e Terapia Celular, Wilson Savino, comentou que as parcerias, inicialmente, não devem estar restritas a determinadas patologias, mas devem privilegiar a formação de pessoal em tecnologias de alto desempenho para uso em ciências biomédicas. " Em termos de neurociências, sem dúvida podemos vislumbrar a curto e médio prazo projetos bilaterais envolvendo alterações neurológicas em doenças infecciosas sobre as quais a Fiocruz detém grande expertise" . Ele ainda destacou que a cooperação bilateral no campo de neurociências vai permitir o reforço na capacitação de jovens pesquisadores da Fiocruz nesta área do conhecimento. " A CEA~tem um grande número de laboratórios com expertise em vários aspectos de tecnologias avançadas, particularmente em termos de análise de imagens. Além disso, tem laboratórios de alto desempenho com trabalho no campo das neurociências" , ressaltou.
Para o assessor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Vincent Brigno, a CEA pode ser importante parceira no âmbito do programa de cooperação científica na área de neurociências que a Fiocruz está desenhando com institutos de pesquisa da França. A Fundação, por meio do Cris e da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR), realizou, em janeiro deste ano, um mapeamento de suas potenciais equipes e linhas de pesquisa no campo de neurociências para o desenvolvimento de cooperações com instituições francesas na área. Como resultado dessa ação, os pesquisadores da Fundação propuseram parcerias nos campos de neuroinflamação em doenças infecciosas como dengue, hanseníase, malária, doença de Chagas e septicemia; estudo do comportamento de insetos vetores de doenças infecciosas; terapias celulares para doenças como hanseníase, derrame e enfermidades neuromusculares; biologia clínica e do genoma em doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzeimer; além de experimentos no campo de desordens psiquiátricas como autismo e esquizofrenia.
" A CEA tem equipamentos, estrutura de ponta e equipes científicas de excelência, mistas com outros organismos franceses como o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, em francês) e o Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm). Além disso, eles estimulam a criação de~start-ups~para desenvolver tecnologias e produtos de mercado a partir de patentes e outros resultados da pesquisa fundamental. Será muito útil conhecer melhor este modelo para acentuar estes tipos de ações na Fiocruz" , afirmou Brignol. Em março de 2014 será realizado um seminário entre a Fiocruz, a CEA e outros parceiros franceses para a definição de futuras cooperações e escolha dos pesquisadores que delas participarão. " Até lá, vamos manter o contato com a CEA e divulgar esta ação na Fiocruz para incentivar a comunicação direta entre os pesquisadores, que são a base dessa cooperação científica" , completou Brignol.
Comissão de Energia Atômica e de Energias Alternativas
A Comissão de Energia Atômica e de Energias Alternativas (CEA) é uma organização de pesquisa tecnológica financiada pelo governo francês e reconhecida como uma das principais instituições na área da pesquisa europeia. Uma de suas funções é estabelecer projetos colaborativos com outras instituições ao redor do mundo. Além de trabalhar no desenho e operação de estruturas de pesquisa de larga escala, atua em quatro diferentes campos: energia, defesa e segurança global e tecnologias de saúde e da informação, em associação com pesquisas de excelência.~Conta com~10 centros de pesquisa, 15 laboratórios de excelência, uma equipe composta por 15.982 técnicos, pesquisadores e engenheiros, 1.488 estudantes de Ph.D, 55 acordos assinados com universidades e escolas e 950 publicações científicas somente no ano de 2012.
O Departamento de Ciências da Vida da CEA combina pesquisa básica com pesquisa tecnológica aplicada para oferecer ideias-chave nos campos de energia e cuidados da saúde. Desenvolve tecnologias inovadoras voltadas ao setor de cuidados da saúde por meio da condução de programas de pesquisa em áreas como imagiologia médica, pesquisa em genoma, biologia em larga escala e engenharia de proteínas.