Uma mi ssão conjunta da Arábia Saudita e Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu em Riyadh, até o último domingo (9), para avaliar a situação do novo coronavírus que recebeu o nome de Mers-CoV (Síndrome Respiratória Coronavírus do Oriente Médio).
Parente do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) que ocasinou 800 mortes em todo mundo em 2002, o novo vírus tem potencial para causar uma nova epidemia mundial, segundo a OMS.
Os primeiros registros do Mers-CoV ocorreram na Jordânia, no início de 2012. Em todo mundo, até agora, foram confirmados 55 da doença. Destes, 40 ocorreram na Arábia Saudita. Os demais foram relatadas em outros países do Oriente Médio (Qatar e Emirados Árabes Unidos), na Tunísia, no norte da África, além de França, Alemanha, Itália e Reino Unido (na Europa).
Apesar do número de casos ser pequeno, o índice de mortes já atinge 60%. Os levantamentos mostram, ainda, que 75% dos casos registrados na Arábia Saudita ocorreram em homens e a maioria com problemas crônicos de saúde.
A OMS já identificou três padrões epidemiológicos do novo vírus. No primeiro, casos esporádicos ocorrem em comunidades. Até o momento, não se sabe a fonte das contaminações nestes casos. Um segundo padrão epidemiológico acontece com as infecções em famílias. Na maioria desses grupos, "parece" haver transmissão pessoa-a-pessoa, mas "parece" que esta transmissão é limitada às pessoas que estão em contato direto com o membro doente. O terceiro padrão é composto por aglomerados de infecções em serviços de saúde. Estes eventos foram relatados na França, Jordânia e Arábia Saudita.
De acordo com a agência, não há nenhuma evidência generalizada da transmissão de pessoa-a-pessoa do MERS-CoV. Nos casos em que se suspeita que o vírus tenha sido transmitido desta forma, em geral pode se comprovar o contato direto entre membros de uma mesma família, pacientes em unidades de saúde ou entre profissionais de saúde e pacientes. O motivo do registro muito pequeno de infecções em profissionais de saúde ainda não está claro, mas pode apontar para dois caminhos: o MERS-CoV não teria tanto risco de infecção quanto o SARS ou os sistemas de controle de infecção implantados após o surto de SARS estão se mostrando eficazes.
Atualmente, o diagnóstico de Mers-CoV depende da consciência do médico combinada com o teste de confirmação da presença de vírus pela reação em cadeia da polimerase. O tratamento é principalmente de apoio e não existem dados convincentes de que o uso de agentes antivirais potentes, tais como ribavirina e interferon, traz qualquer vantagem. Deve ser evitado o uso de corticóides em altas doses, afirma a OMS.
A comissão indicou a inclusão de medidas de controle de infecção, para impedir surtos hospitalares; o aumento da vigilância para casos de Mers-CoV; campanhas de conscientização para alertar e educar o público; além de notificações imediatas dos casos à OMS, seguidas de investigações epidemiológicas para identificar as fontes de infecção, fatores de risco e vias de transmissão.