Pesquisadores do Scripps Research Institute, nos EUA, descobriram que uma famÃlia de anticorpos presentes na vaca pode levar a novas formas de produzir medicamentos para humanos.
População vasta e diversificada de anticorpos dos animais pode coletivamente se ligar a qualquer um dos invasores do corpo.
"A estrutura e os mecanismos destes anticorpos não tinham sido vistas antes em outros "anticorpos" animais", afirma o investigador principal Vaughn V. Smider.
Os resultados foram publicados na revista Cell.
Anticorpos, que fazem parte do nosso sistema imunológico, são grandes proteÃnas com 'uma cauda e dois braços idênticos' que servem para pegar alvos especÃficos (chamados "antÃgenos", muitas vezes partes de bactérias ou vÃrus). No fim de cada braço há um pequeno conjunto de proteÃnas chamado CDRs, que realmente fazem a captura.
Reorganizando e mutando genes que codificam CDRs, o sistema imunológico do animal pode gerar uma população vasta e diversificada de anticorpos que coletivamente podem se ligar a qualquer um dos invasores do corpo.
Nos seres humanos e em muitos outros mamÃferos, a maior parte da especificidade de um anticorpo para um alvo é regulada pela maior região CDR, CDR H3. Pesquisadores têm demonstrado indÃcios de que uma versão excepcionalmente longa deste domÃnio pode ser a chave para uma defesa bem sucedida contra uma infecção perigosa.
Por exemplo, em um estudo publicado na revista Nature em agosto passado, pesquisadores isolaram um anticorpo anti-HIV com um longo CDR H3 com o dobro do comprimento que permite agarrar uma estrutura crucial sobre o vÃrus e, assim, neutralizar a infetividade da maior parte das estirpes de HIV.
A equipe acredita que utilizar esses longos CDRs como uma sonda que pode caber em espaços estreitos pode atingir e agarrar determinantes patógenos únicos escondidos que os anticorpos comuns não podem.
Relatórios sobre estes anticorpos capturaram o interesse de Smider, cuja área de pesquisa inclui encontrar novas formas de gerar anticorpos terapêuticos. "Começamos a pensar em como poderÃamos produzir esses CDR3s que são tão raros em humanos, e nós sabÃamos que as vacas produzem os CDRs mais longos o tempo todo", afirma Smider.
A equipe, então, realizou uma análise estrutural e sequencial detalhada destes anticorpos anormalmente longos da vaca, para obter uma maior compreensão sobre como eles são criados, naturalmente, e como tais estruturas podem ser projetadas em laboratório.
A equipe foi capaz de cristalizar as amostras de anticorpos CDR H3 e determinar as estruturas 3D atômicas de dois anticorpos representativos por cristalografia de raios-X.
Embora a estrutura da proteÃna no anticorpo longo no anti-HIV humano tenha parecido incomum, a estrutura correspondente nos anticorpos da vaca acabou sendo única no mundo dos anticorpos animais 'conhecidos'.
Nas vacas, ligação destes anticorpos com vÃrus e bactérias é feita quase inteiramente por meio do CDR H3 longo, o que mostra que estes anticorpos têm uma função importante no sistema imune. Pela primeira vez os pesquisadores conseguiram um anticorpo CDR3 ultralongo ligado a um patógeno real.
A equipe espera, agora, aproveitar o poder potencial de anticorpos CDR H3 longos para uma ampla variedade de aplicações humanas.