Com o auxílio de um modelo matemático, Sérgio Augusto Cunha, professor da Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), está desenvolvendo um sistema para analisar saltos de goleiros de futebol por meio de visualização por computador.
Segundo Cunha, no futebol o goleiro lida com características muito específicas de preparo físico, técnico e tático. A movimentação para executar a defesa passa pelas fases de expectativa, primeiro passo e salto. O estudo procurou definir parâmetros para que o salto tenha melhor desempenho.
O foco do estudo foi a potência do salto, variável importante para jogadores de futebol e atletas de outras modalidades. O modelo matemático usado envolveu uma rotina descrita no Matlab, software que faz cálculos com matrizes e relaciona conceitos básicos como determinar valor de máximo da curva e de área sobre a curva.
Cunha analisou o impulso e a chamada força-pico. Os saltos foram feitos em plataformas de força, que, segundo o pesquisador, podem ser levadas ao campo de treinamento para que técnico e atletas confiram o desempenho em termos da análise da curva de força no tempo e da área sobre essa curva.
Os experimentos foram realizados com seis voluntários amadores (quatro goleiros e dois não goleiros), cada um executando nove saltos. Cunha contou com a colaboração do grupo do professor Walter Herzog, da University of Calgary, no Canadá, onde fez pós-doutorado.
Resultados preliminares do estudo apontam que os goleiros têm um aproveitamento muito maior de energia na hora do contato com o solo do que os não goleiros. Quando fazem o impulso, por exemplo, freiam muito menos o movimento, graças à técnica.
Cunha pretende colocar em prática o sistema com a análise de saltos de atletas de times profissionais. " Faremos análises de saltos utilizando goleiros brasileiros" , disse.
O pesquisador está aprimorando, com a ajuda do professor Ricardo Torres, do Instituto de Computação da Unicamp, a quantificação dos padrões das curvas de saltos. Um novo estudo deve abordar o salto na hora do cabeceio no futebol, feito por um orientando de Cunha, a fim de entender como treinar melhor a potência dos membros inferiores.