Cientistas da Universidade da Flórida, nos EUA, estão desenvolvendo um inseticida que tem como alvo os mosquitos portadores da malária, mas não fazem mal a outros organismos.
A equipe planeja melhorar a eficácia das redes protetoras usadas em regiões da África, revestindo-a com o inseticida tóxico apenas para os mosquitos.
O inseticida atuaria interferindo com uma enzima encontrada nos sistemas nervosos dos mosquitos e muitos outros organismos, chamada acetilcolinesterase. Inseticidas existentes têm como alvo a enzima, mas afetam uma ampla gama de espécies.
Acetilcolinesterase ajuda a regular a atividade do sistema nervoso por meio da interrupção da sinalização elétrica nas células nervosas. Se a enzima não consegue fazer seu trabalho, o mosquito começa a ter convulsão e morre.
O objetivo da equipe de pesquisa é desenvolver compostos perfeitamente compatíveis com as moléculas de acetilcolinesterase em mosquitos transmissores da malária. "Uma analogia simples seria a de que nós estamos tentando criar uma chave que se encaixa perfeitamente em uma fechadura. Queremos eliminar a enzima, mas apenas em espécies específicas", explica o entomologista Jeff Bloomquist.
A malária é transmitida por mosquitos do gênero Anopheles, nomeadamente Anopheles gambiae, nativos da África. A doença é comum em comunidades carentes onde as casas não podem ter telas adequadas para manter os insetos do lado de fora.
A doença é causada por organismos microscópicos, chamados protistas, que estão presentes na saliva de mosquitos fêmeas infectadas e transmitidos quando o mosquito pica.
Bloomquist e seus colegas da Virginia Tech University, onde o projeto é baseado, estão tentando compostos específicos para mosquito que podem ser fabricados em larga escala e aplicados nas redes protetoras e superfícies onde os mosquitos possam pousar.
"Vai demorar pelo menos quatro a cinco anos antes que a equipe desenvolva e teste um composto suficiente para que esteja pronto para ser submetido à aprovação federal", afirma Bloomquist.
A equipe publicou recentemente um estudo na revista Pesticide Biochemistry and Physiology comparando oito compostos experimentais com inseticidas disponíveis no mercado que visam a enzima. Apesar de serem menos tóxicos para os mosquitos do que produtos comerciais, os compostos experimentais eram muito mais seletivos, indicando que os pesquisadores estão no caminho certo.