Estudo da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), constatou que a força da mordida dos pacientes com artrite reumatoide pode contribuir para o diagnóstico da doença, antes que ocorram alterações irreversíveis.
"Constatamos que a região orofacial desses pacientes tem, de fato, mais alterações do que na população saudável, incluindo menor força de mordida. A avaliação da ATM deveria, portanto, constar em consultas padrão, como forma de controlar a inflamação e a doença", disse Jamil Natour, professor de Reumatologia da Unifesp e coordenador da pesquisa.
Na avaliação da ATM, os pesquisadores acompanharam dois grupos: o grupo denominado AR (artrite reumatoide), constituído por 75 pacientes da Unifesp; e o grupo controle, com 75 adultos sem doença aguda nem crônica e sem queixas na região da ATM - voluntários que compareceriam à instituição para fazer exames de rotina, doar sangue ou acompanhar pacientes. "Todos os participantes eram do sexo feminino," explicou Natour.
"Verificamos que a menor força de mordida acompanha a diminuição da força nas mãos, mostrando que a região orofacial tem acometimento concomitante a outras partes do aparelho musculoesquelético e deve, portanto, ser acompanhada e avaliada", afirmou o pesquisador.
A artrite reumatoide acomete de 0,5 a 1% da população e em geral surge entre os 30 e 40 anos - embora possa aparecer em qualquer idade. Quanto mais intensa e prolongada a exposição à inflamação articular, maiores as lesões que a doença pode provocar.
O comprometimento ou não da ATM depende de fatores como idade, tempo de doença, número de articulações com edemas, presença de fator reumatoide (anticorpo presente em cerca de 90% dos pacientes com artrite reumatoide) e resultados dos exames proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação. Mas Natour lembra que "tais exames são inespecíficos - qualquer doença inflamatória, até uma gripe, pode alterá-los - e o diagnóstico é clínico".
Comprovada a necessidade de acompanhar as alterações provocadas pela artrite reumatoide na ATM, o passo seguinte é pensar em intervenções que possam melhorar as funções da boca e da face e a qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, agora já se sabe que a primeira medida deve ser uma atenção mais cuidadosa à avaliação oral de quem tem a doença.
Com informações da Fapesp