O Laboratório de Pesquisa de Transmissão Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), que funciona como Centro Colaborador da Rede de Monitoramento Resistência Microbiana Hospitalar (Rede RM) identificou a presença do gene tipo Carbapenemase New Delhi metallobetalactamase (NDM) em quatro pacientes do Hospital Conceição, em Porto Alegre. Ele provoca a criação de bactérias superresistentes a antibióticos.
Segundo a pesquisadora do Laboratório Ana Paula Assef, até agora o Brasil não tinha registrado este gene de resistência, que foi encontrado pela primeira vez em 2008, na Índia. Dois anos depois surgiu na Austrália, nos Estados Unidos e no Canadá. No ano seguinte chegou à Guatemala e em 2012, ao Uruguai, Paraguai e à Colômbia.
A especialista disse que por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os hospitais em todo país devem manter comissões de controle de infecção hospitalar e quando observam sinais de bactérias resistentes enviam amostras para análise do laboratório. Segundo Ana Paula Assef, o NDM é um gene de resistência que pode ser disseminado no ambiente hospitalar. "É a forma como a bactéria se torna resistente ao antibiótico e que acaba se disseminando para outros pacientes ou para o ambiente hospitalar. Pode estar presente em mecanismos móveis e passar de bactéria para bactéria. Por isso é possível encontrar o NDM em diferentes tipos de bactérias" , esclareceu.
Na avaliação da especialista, a ocorrência da chamada superbactéria pode levar à morte dependendo do estado clínico do paciente hospitalizado, que, em geral, já está mais debilitado por ter passado por cirurgia ou por estar com alguma doença. " Podem causar morte por que elas são altamente resistentes e não tem muita opção de tratamento para essas infecções" , alertou.
Ana Paula Assef informou, ainda, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta para a América Latina no final de 2012 sobre a incidência do NDM na região. Ela disse que especialistas dos países latino-americanos costumam trocar informações sobre o tema. "É preocupante por que pelos relatos no mundo a disseminação é muito rápida. Foi descoberta em 2008 e em 2010 já tinham diversos casos espalhados. O mais importante é reforçar as medidas de controle de infecção hospitalar para que essas bactérias não se disseminem. Ela está associada a ambientes hospitalares. A recomendação é higiene máxima e isolamento do paciente em que for detectada a bactéria superresistente" , disse.