Investigadores da Universidade de Michigan, nos EUA, identificaram um teste que pode determinar quais as crianças com malária são mais susceptíveis de desenvolver a malária cerebral, forma muito mais fatal da doença.
A ferramenta de triagem pode ser um divisor de águas em postos de saúde rurais com recursos limitados onde os médicos veem centenas de crianças com malária a cada dia e devem decidir quais pacientes podem ser enviados para casa com drogas orais e quais precisam ser levados aos hospitais para atendimento mais abrangente.
"Os trabalhadores de saúde rurais têm de tomar essas decisões com muito poucos dados objetivos, e as consequências de uma decisão inadequada são enormes. As crianças que evoluem para a malária cerebral têm uma taxa de mortalidade de 20%, ou até mais, se não recebem o tratamento adequado no início do processo da doença", afirma o pesquisador Karl Seydel.
O estudo foi publicado na revista Journal of Infectious Diseases.
Na pesquisa Seydel e seus colegas relatam que os testar o sangue dos pacientes para HRP2, proteína produzida pelo parasita da malária, forneceu uma previsão exata de como a doença progrediu entre as crianças no Queen Elizabeth Hospital Central, em Blantyre, Malawi, na África.
"Descobrimos que se os níveis de HRP2 são baixos, os clínicos podem ter mais de 98% de certeza que a criança não vai ter malária cerebral. Isso daria a eles a confiança para prescrever apenas medicamentos orais e enviar a criança para casa", explica Seydel.
Em nenhum lugar há necessidade maior de uma ferramenta do que na África, onde 90% das mortes por malária ocorrem na infância. Apenas cerca de 1% das crianças com malária desenvolvem a forma fatal da doença, no entanto, cerca de um milhão de crianças africanas morrem a cada ano.
"Na maior parte da África, onde os recursos são ainda tão limitada, utilizar recursos disponíveis de forma adequada e inteligente é de grande importância", afirma Seydel.
O teste HRP2 em sua forma atual é caro e pouco adequado para uso em clínicas rurais, de acordo com os pesquisadores. Seydel e os colegas estão no processo de desenvolvimento de uma versão mais portátil e menos cara.