Pesquisadores da Universidade do Alabama em Birmingham, nos EUA descobriram que a terapia de movimento induzido por restrição (terapia CI) aumentou o volume de massa cinzenta em áreas do cérebro associadas ao movimento em crianças com paralisia cerebral.
Os resultados, publicados na revista Pediatrics, são os primeiros a mostrar que a remodelação estrutural do cérebro ocorre durante a reabilitação em uma população pediátrica.
"É bem entendido que a terapia CI produz uma religação do cérebro, levando a uma melhora funcional nas habilidades motoras em crianças e adultos que sofreram uma lesão cerebral. Este estudo reforça a ideia de que a terapia CI também remodela o cérebro, produzindo uma mudança fÃsica real", explica o coautor Edward Taub.
Matéria cinzenta é um componente do sistema nervoso central, consistindo principalmente de corpos celulares neuronais, células gliais e dendritos.
O estudo analisou dez crianças com paralisia cerebral, com idades entre 2 e 7 anos, que foram submetidas a três semanas de terapia CI.
Mudanças na massa cinzenta foram avaliadas com uma técnica chamada de morfometria baseada em voxel (VBM), baseada em imagens obtidas através de ressonância magnética.
"Vimos aumentos no volume de massa cinzenta no córtex sensório-motor em ambos os lados do cérebro e no hipocampo. Esses aumentos foram acompanhados por grandes melhorias na utilização espontânea do braço no ambiente doméstico. Notavelmente, o aumento da massa cinzenta se correlacionou com melhora na atividade motora", afirma a autora da pesquisa Chelsey Sterling.
Sterling diz que a correlação significativa entre o aumento no volume de massa cinzenta e a magnitude da melhoria motora levanta a possibilidade de uma relação causal.
Os investigadores sugerem que o aumento observado na matéria cinzenta poderia ser devido a um ou mais processos diferentes, incluindo um aumento na densidade sináptica, a criação de novos neurônios ou células gliais ou a criação de novos vasos sanguÃneos no cérebro.
"Um aumento na massa cinzenta é um indicativo de que o cérebro é capaz de suportar o aumento da atividade e função motora. Junto com as melhorias observadas na destreza e no uso diário do braço que foi alvo de reabilitação, este é um forte indÃcio de que uma criança com paralisia cerebral pode obter ganhos substanciais na função motora quando fornecido o estÃmulo correto", afirma uma das autoras Gitendra Uswatte.
A equipe acredita que a pesquisa é mais uma prova de que o cérebro tem uma notável capacidade de curar a si mesmo quando recebe uma intervenção de reabilitação eficaz como a terapia CI.