Entre 12 a 25% dos pacientes com diabetes desenvolvem feridas no pé conhecidas como " Pé Diabético" . O alerta é de Armando Mansilha, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e Secretário-Geral do Departamento de Cirurgia Vascular da União Europeia. Ele é o autor das novas diretrizes para o tratamento do ´"Pé Diabético!, publicadas no The Journal of Cardiovascular Surgery. " As úlceras do pé diabético e as suas consequências representam uma tragédia para os pacientes e para as suas famílias e um custo significativo para os sistemas de saúde e para a sociedade em geral" , afirma.
Mesmo as amputações de menor dimensão podem ser dramáticas: afetam pacientes que apresentam úlceras recorrentemente, muitas vezes associadas a infecção e que são repetidamente sujeitos a pequenas cirurgias que vão deformando o pé, com todas as implicações que isso tem na saúde e na qualidade de vida do paciente.
"É absolutamente necessário adotar uma abordagem multidisciplinar para tratar este problema e evitar a amputação", explica o especialista, acrescentando que o tratamento deve ser adaptado a cada caso.
" A primeira preocupação dos clínicos deve ser a prevenção. Educar o doente e a família, sobretudo nos casos de maior risco, relativamente às medidas de higiene a adotar, hidratação, inspeção regular do pé e uso de calçado adequado."
Em termos de tratamento, é a prescrição criteriosa de antibióticos, o cuidado com a aplicação e mudança de curativos e a recuperação do tecido através da criação de novos vasos sanguíneos (revascularização) que ditam o sucesso terapêutico. Por isso, o especialista alerta os profissionais de saúde para que "não removam tecido necrótico não infectado que possa ser reabilitado através da revascularização."
A hospitalização do doente deve ser realizada quando há infecções severas, feridas profundas, sinais de isquemia grave ou a perceção de que os cuidados em casa não serão adequados. A diabetes é uma doença crônica com graves implicações, estando associada a um maior risco cardiovascular, maior suscetibilidade a infeções, risco de cegueira e amputações. Em 2012, cerca de 400 milhões de pessoas sofriam desta doença em todo o mundo. Estima-se que a diabetes afete um milhão de portugueses.