Pesquisadores do Spanish National Cancer Research Centre (CNIO) conseguiram , pela primeira vez, obter uma 'foto panorâmica' das proteÃnas que participam na divisão do DNA humano, processo conhecido como replicação.
A replicação do DNA é o processo quÃmico que sustenta a divisão celular e, assim, um dos mecanismos biológicos visados pela maioria dos agentes quimioterapêuticos, a fim de destruir as células tumorais.
A pesquisa abre portas para potenciais novos alvos terapêuticos que podem, eventualmente, levar a futuros tratamentos oncológicos.
Até o momento, vários estudos moleculares independentes têm dado uma ideia geral das proteÃnas envolvidas no processo de replicação. "Nós suspeitamos que pode haver várias dezenas de proteÃnas que controlam este processo meticulosamente, garantindo assim a duplicação correta de nosso genoma como um passo indispensável antes da divisão celular", explica o lÃder da pesquisa Óscar Fernández-Capetillo.
Graças ao desenvolvimento de uma nova tecnologia que permite isolar o DNA recentemente sintetizado, em adição às ferramentas de detecção sofisticadas, os investigadores conseguiram, pela primeira vez, desenhar o mecanismo de replicação.
Segundo os autores, as proteÃnas identificadas têm atividades muito diferentes: elas abrem a dupla hélice do DNA, copiam um hélice, reparam qualquer quebra e, se for preciso, a modifica de diferentes maneiras. "Em suma, elas são todas necessárias para assegurar a duplicação correta do DNA e evitar aberrações no material genético que formam a base de tumores", afirma Fernández-Capetillo.
De acordo com o primeiro autor da pesquisa, Andrés JoaquÃn López-Contreras, algumas dessas proteÃnas já eram conhecidas, mas este estudo também permitiu identificar novas proteÃnas necessárias para a replicação do DNA, abrindo novos caminhos de pesquisa no campo.
Replicação de DNA em células de câncer ocorre de forma descontrolada ou anormal, o que a torna o calcanhar de Aquiles da investigação em oncologia.
Fernández-Capetillo afirma que o passo seguinte consiste na aplicação dessas novas tecnologias para encontrar diferenças no mecanismo de replicação de células normais e cancerosas, de modo que novas estratégias terapêuticas possam ser encontradas para o tratamento do câncer.
"Se conseguirmos encontrar diferenças fundamentais entre a replicação em células normais e células cancerosas, certamente seremos capazes de encontrar novos alvos terapêuticos para futuros tratamentos contra o câncer", concluem os pesquisadores.