Cientistas da Virginia Tech, nos EUA, descobriram novas evidências de que os biofilmes, bactérias que aderem às superfícies e constroem revestimentos protetores, permitem a progressão e a virulência do patógeno Salmonela.
A equipe acredita que a descoberta do que torna a Salmonela resistente a medidas antibacterianas pode ajudar a frear surtos.
Um em cada seis americanos fica doente devido à ingestão de alimentos contaminados a cada ano, com mais de um milhão de doenças causadas pela bactéria Salmonela, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A equipe de pesquisa descobriu que, além de proteger a Salmonela do processo de aquecimento e de desinfetantes, os biofilmes preservam as bactérias em condições extremamente secas e novamente quando as bactérias são submetidas a processos digestivos normais.
O estudo aparece no International Journal of Food Microbiology.
"Os biofilmes são um problema crescente no processamento de alimentos vegetais que servem como uma fonte potencial de contaminação. Nós descobrimos que a Salmonela em biofilmes sobrevive em alimentos secos muito melhor do que se pensava anteriormente, e por isso são mais propensas a causar a doença", afirma a pesquisadora Monica Ponder.
Surtos de Salmonela associados com alimentos secos tais como nozes, cereais, especiarias, leite em pó e alimentos para animais têm sido relacionados a mais de 900 doenças nos últimos cinco anos. Estes alimentos eram vistos previamente como seguros, porque a natureza seca do produto para o crescimento microbiano.
"A maioria das pessoas esperam encontrar Salmonela em carnes cruas, mas não consideram que ela pode sobreviver em frutas, vegetais ou produtos secos, que não são sempre preparados", explica Ponder.
Em condições úmidas, Salmonela prospera e se reproduz abundantemente. Se colocadas em um ambiente seco, elas deixam de se reproduzir, mas ativam genes que produzem um biofilme, protegendo-as do ambiente prejudicial.
Os investigadores testaram a capacidade de resistência do biofilme Salmonela por meio da secagem e armazenamento no leite em pó seco por até 30 dias.
Em vários pontos, ela foi testada em um sistema gastrointestinal simulado. A Salmonela sobreviveu a esta armazenagem de longo prazo em grandes números, mas a Salmonela em biofilme foram mais resistentes que as células flutuantes livres tratadas com as mesmas condições.
Biofilmes permitiram à Salmonela sobreviver ao ambiente áspero, ácido do estômago, aumentando suas chances de alcançar os intestinos, resultando em infecção que causa sintomas associados com intoxicação alimentar.
A equipe acredita que esta pesquisa pode ajudar a Food and Drug Administration (FDA), destacando a necessidade de um melhor saneamento e novas estratégias para reduzir a formação de biofilme em equipamentos, diminuindo a probabilidade de outro surto.