Pesquisa realizada no Rio Grande do Sul comprovou a importância em associar um suplemento com características anti-inflamatórias, como o óleo de peixe com linhaça, à intervenção dietética de pacientes com lúpus. Portadores da doença que foram submetidos ao consumo diário desses produtos, ômega-3 e dieta isenta de glúten, leite de vaca e derivados, obtiveram, em alguns casos, uma diminuição de até 94% dos sintomas da doença.
Resultado de um desequilíbrio do sistema imunológico, o lúpus é uma doença autoimune que acomete principalmente as mulheres.
A doença foi objeto de estudo de uma pesquisa realizada por nutricionistas do curso de especialização em Nutrição funcional da VP-UNICSUL em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que comprovou os efeitos benéficos da suplementação com ômega-3 nos pacientes.
Sob coordenação da Doutora Gilberti Hübscher, nutricionista e professora do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a pesquisa avaliou pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).
Entre os principais sintomas apresentados pelos portadores de LES estavam erupções cutâneas, artrite reumatoide, comprometimento renal, alterações oftalmológicas entre elas secura do olho, trombose.
O objetivo do trabalho foi avaliar o quadro de sintomas em pacientes submetidos a diferentes intervenções dietéticas.
Pesquisa
Durante 30 dias, pacientes portadores de LES foram divididos em 3 grupos e tiveram sinais e sintomas avaliados semanalmente com ou sem acompanhamento dietético e quando recebiam as capsulas.
O primeiro grupo, grupo controle, recebeu capsula de placebo, sem intervenção dietética. O segundo grupo recebeu suplementação com 2 gramas por dia de ômega-3 em capsulas (óleo de peixe com linhaça). E o terceiro grupo recebeu a mesma quantidade de ômega-3 que o segundo grupo e mais intervenção dietética, com restrição de alimentos com maior susceptibilidade a incompatibilidade alimentar (glúten, leite de vaca e derivados).
O segundo e terceiro grupos obtiveram melhoras significativas dos sintomas da doença. Quando comparado ao grupo de controle, o terceiro grupo (suplementação com ômega-3 mais dieta) dos pacientes acompanhados: 94% referiram melhora de dor na boca e garganta, 47% nas dores nas articulações, 82% na cefaleia, 79% diminuição de azia, 77% de redução da distensão abdominal e 85% de diminuição de muco na boca.
"Todos os pacientes pesquisados apresentaram melhora significativa, considerando a importância do ômega-3 para o organismo. É recomendado que o uso do óleo fonte de omega-3 seja seguido em caráter contínuo, visto que esse nutriente por ser essencial é importante para a manutenção da saúde, e no caso dos pacientes com lúpus como uma ação de prevenção por suas características anti-inflamatórias", conclui a pesquisadora.
Entre os participantes da pesquisa estava a presidente da Associação de Lúpus da Região do Vale dos Sinos - que conta com mais de 400 membros portadores da doença, Izabel Oliveira. "O consumo do óleo de peixe e linhaça, em cápsulas, foi fundamental para a diminuição dos sintomas da doença. O alívio nas dores foi percebido imediatamente. Aliado à dieta sugerida pelos pesquisadores, hoje sabemos que o ômega-3 é indispensável para nós. Por isso continuamos com o consumo", afirma a presidente da associação.