Países africanos lutam contra índices que chegam a 50% na falsificação de medicamentos. Em todo mundo estes números atigem a média de 25%. Estas afirmações, publicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2011, serviram de base para estudo realizado pela National Academy of Science (EUA), com participação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.
Os resultados do estudo, encomendado pela Food and Drug Administration (FDA), apontam para a necessidade de um alerta mundial para o elevado número de medicamentos falsificados. A falta de fiscalização na circulação de medicamentos e dos seus princípios ativos (cadeia de suprimentos) são apontadas como os principais facilitadores do processo, principalmente em países subdesenvolvidos.
O professor Marco Antonio Stephano, da FCF, que representou o Brasil na pesquisa, afirma que os principais alvos de fraudes são os chamados medicamentos blockbusters, com faturamento de vendas superior a U$ 1 bilhão por ano, como os utilizados no tratamento de câncer, doenças crônicas como diabetes, alzheimer, disfunção erétil, malária e doenças autoimunes" , explica.
Segundo o professor, em muitos países a legislação não considera que o princípio ativo isolado de uma planta ou de materiais biológicos encontrados na natureza deva ser patenteado, por isso não adotam o " counterfeit" , dificultando a fiscalização do processo produtivo. A pesquisa recomenda o aumento da rastreabilidade dos medicamentos, além da ampliação dos mecanismos de controle de qualidade e atendimento ao consumidor. " Também é necessário criar uma cultura nos cursos de Medicina e Farmácia para que haja uma maior identificação das fraudes" .
Além de fornecer pouca proteção contra a doença os falsificados podem ocasionar graves efeitos colaterais. Estas drogas representam ameaças potenciais em todo mundo, mas a natureza do risco varia conforme o país, sendo em países com mínima ou inexistente supervisão regulatória. Enquanto os países desenvolvidos não estão imunes (a produção negligente em uma farmácia de manipulação de Massachusetts matou 44 pessoas entre setembro de 2012 e Janeiro de 2013) a grande maioria dos problemas ocorrem em países em desenvolvimento onde estes remédios afetam milhões.
De acordo com as conclusões do estudo, é difícil medir o impacto na saúde pública de medicamentos falsificados e de baixa qualidade, o número de mortes que causam, ou a quantidade de tempo e dinheiro que são desperdiçados com seu uso. Os dados reunidos pelo estudo atual tem como objetivo encotrar caminhos para minimizar os danos à saúde publica
O estudo teve a participação das universidades de Harvard, George Washington State e Iowa (Estados Unidos), além de pesquisadores da Índia e África do Sul.
As conclusões e as recomendações da pesquisa foram reunidas no livro Countering the Problem of Falsified and Substandard Drugs
Com informações da Agência USP e do Institute of Medicine of the National Academies
Veja os cuidados para evitar os falsificados no site da Anvisa