O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta segunda-feira(18), em seu segundo volume sobre a Demografia Médica no Brasil, que o Brasil tem quase 400 mil médicos, atingindo a taxa de 2 profissionais para cada 1 mil habitantes.
No entanto, a desigualdade e carência permanecem na oferta de serviços, dependendo da região e das especialidades médicas, devido à falta de critérios para distribuir os médicos. Segundo o relatório, nos últimos 42 anos, o total de médicos no país cresceu 557,7% enquanto a população em geral aumentou 101,8% e a razão médico/habitante também apresentou crescimento significativo.
O presidente CFM, Roberto Luiz D'Ávila, considera o número de médicos suficiente para atender a demanda e cobrou do governo federal a criação de um plano de carreira capaz de atrair profissionais para áreas de menor cobertura, como no interior do país.
Entre 1970, quando havia 58.994 profissionais, e o último trimestre de 2012, o número de médicos saltou 557,72%. O percentual é quase seis vezes maior que o do crescimento da população.
O país nunca teve tantos médicos em atividade, devido a uma combinação de fatores: houve abertura de muitos cursos de medicina, com aumento de novos registros (mais de 4% ao ano), mais entradas que saídas de profissionais do mercado de trabalho, perfil jovem da categoria (baixa média de idade), além de maior longevidade profissional (alta média de anos trabalhados).
Segundo o CFM, a tendência atual é a manutenção dessa curva ascendente. Enquanto a taxa de crescimento populacional reduz sua velocidade, a abertura de escolas médicas e de vagas em cursos já existentes vive um novo boom, o que sugere aumento significativo no volume de médicos a cada ano. Entre outubro de 2011 e outubro de 2012, foram contabilizados 16.227 novos registros profissionais. No entanto, faltam políticas públicas eficientes para a distribuição justa desta oferta.
Segundo o estudo,o comportamento registrado no Brasil difere do de outras regiões do planeta. Na Europa, o número de médicos que se retiram do exercício profissional é maior por conta da faixa etária mais elevada dos médicos e da tendência de se optar por uma aposentadoria precoce. No Brasil, o grupo de médicos de até 39 anos representa 40,59% do total de profissionais na ativa, indicando uma concentração nas faixas mais jovens - o que sugere um tempo maior de permanência no exercício da profissão.
Entre os vários fatores socioeconômicos que determinam a má distribuição dos profissionais no território e a desigualdade no acesso aos serviços, de forma geral, diz o estudo, está a opção dos formandos pelo trabalho nas capitais e cidades com melhor qualidade de vida. Entre 1980 e 2009, dos 107.114 médicos que se graduaram em uma cidade diferente daquela onde nasceram, 36,8% retornaram à terra natal, sendo que as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo são responsáveis por cerca de um terço desses profissionais. Outros 25,3% ficaram na cidade onde se formaram.