A Tese da professora da Escola de Enfermagem (EE) da USP , Ana Luisa Aranha e Silva, " A construção de um projeto de extensão universitária no contexto das políticas públicas: saúde mental e economia solidária" , propõe suporte teórico alternativo ao projeto terapêutico " A Casa do Saci" . No contexto de políticas públicas voltadas para pacientes psiquiátricos, o projeto os insere no mercado de trabalho, e a proposta de Ana Luisa usa a rede produtiva de fantasias de Carnaval como mais uma opção para estas pessoas.
Uma das vertentes do projeto é o trabalho realizado em um ateliê denominado Barracão, que fica no Tremembé, em São Paulo. Ali são confeccionadas fantasias de Carnaval de oito alas da Escola de Samba X-9 Paulistana. Mesmo com todo trabalho, o ambiente é de alegria e os usuários de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e do Centros de Convivência e Cooperativa (CECCO) , empenham toda sua concentração nas tarefas.
Mesmo antes de realizar trabalhos para o carnaval, já eram feitos projetos de geração de renda com papel reciclado por pessoas que frequentavam ambulatórios em busca de tratamento mental. Desde então, os trabalhos vinculados ao Carnaval se estreitaram e o projeto de geração de renda e inclusão social dessas pessoas amadureceu, segundo os preceitos da Economia Solidária.
Ana Luisa Silva explica que o diferencial do projeto envolve autogestão e propriedade coletiva dos bens envolvidos nos trabalhos realizados. " A propriedade coletiva dos meios de produção, por aqueles que executam os trabalhos, faz parte do que chamamos de Economia Solidária" , ou seja, somente nesta aplicação essas pessoas passariam do estado de seres tutelados pelo Estado ou por seus familiares para pessoas emancipadas social e economicamente.
Além disso, a " concepção de trabalho ultrapassa a dimensão terapêutica e atinge a emancipação econômica e subjetiva" diz , destacando que o fato de integrar à rede produtiva do Carnaval fantasias fabricadas por esses usuários, caracteriza uma luta antimanicomial diária. "A iniciativa é um fator de integração de dois cenários que a sociedade, com seus preconceitos e desigualdades, normalmente separa".
Com informações da USP