Apesar do aumento de 41% no número de exames de mamografia em 2012 em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Saúde, a baixa renda familiar per capita ainda impede o acesso de milhões de mulheres ao exame que detecta o câncer de mama, conforme pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). Segundo os dados, apenas 62% das mulheres cuja renda era de cerca de R$ 100 realizaram o exame. Já entre as mulheres com renda entre R$ 400 e R$ 800, essa proporção foi de 79,5%. Entre aquelas de maior renda, foi de 94%.
Principal autora do artigo Desigualdade Socioeconômica Afeta a Chance de Realizar Mamografia no Brasil, a pesquisadora da Ensp Dora Chor, afirmou que a renda familiar per capita é um dos importantes indicadores de iniquidade na realização de mamografia. Publicado no site da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, o texto apresenta dados baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008), com a participação de cerca de 11 milhões de mulheres de 40 anos ou mais.
O artigo pretendeu verificar se os indicadores socioeconômicos conseguiriam explicar as diferentes prevalências de mamografia em cada uma das regiões metropolitanas estudadas no país. Os resultados demonstram que, no conjunto das regiões metropolitanas, há nítido aumento da prevalência de mamografia, de acordo com o aumento da renda. A pesquisa também aponta que , em todas as regiões metropolitanas estudadas, a relação direta entre renda e prevalência de mamografia se repete. No entanto, quando comparadas, aparecem enormes diferenças.
Em São Paulo, por exemplo, 76% e 96% das mulheres na menor e na maior faixa de renda, respectivamente, realizaram o exame. Já em Fortaleza, essa discrepância foi de 39% e 91%, entre mulheres dessas mesmas faixas, respectivamente. Portanto, ter menor renda per capita dificulta muito mais a realização de mamografia em Fortaleza, Belém e Recife do que em São Paulo, Curitiba e Salvador.
O Dia Nacional da Mamografia é comemorado nesta terça-feira, 5 de fevereiro. Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é preciso reverter esse quadro. "Queremos chamar a atenção para a profunda desigualdade que ainda existe no acesso da qualidade ao diagnóstico e tratamento de câncer no nosso país. O Ministério da Saúde tem coordenado um conjunto de estratégias, fundamentais à cooperação com as secretarias, para que essas estratégias sejam cada vez mais reforçadas", afirmou o ministro na ocasião do lançamento da pesquisa, em outubro de 2012.
Com informações da Agencia Fiocruz