Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) determina a origem do agente causador da candidíase, identificando se eles fazem parte da micobriota do paciente ou do ambiente hospitalar, o que pode gerar sérias implicações epidemiológicas, advertem os cientistas. Segundo eles,o local em que a C. albicans é isolado nem sempre corresponde à região geográfica em que aquela cepa surgiu. Assim, a identificação de suas linhagens pode ajudar a responder se, em um surto de infecção hospitalar por C. albicans, a infecção é causada pela população do fungo presente no paciente ou no ambiente do hospital.
A pesquisa aponta que alterações genéticas observadas em amostras clínicas do fungo Candida albicans, responsável por infecções graves em seres humanos com sistema imunológico debilitado, sobretudo de pacientes internados em unidades de terapia intensiva, podem determinar a região no mundo onde o fungo se originou. O estudo foi publicado na versão on-line da revista Infection, Genetics and Evolution.
Pesquisadores do Laboratório de Genômica Evolutiva e Biocomplexidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sequenciaram o genoma da mitocôndria (organela responsável pela respiração celular) de dois isolados clínicos do fungo e os compararam com o de amostras de referência. Ao fazerem isso, verificaram que algumas variações específicas encontradas em regiões do DNA que não codificam proteína (conhecidas como regiões intergênicas) são características do local de origem do fungo.
Nos experimentos, os pesquisadores identificaram as mutações acumuladas nas três regiões intergênicas do material genético das duas amostras e as compararam com as mutações de 18 isolados clínicos obtidos de pacientes infectados do Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, Venezuela e Estados Unidos. Concluíram que a sequência do DNA mitocondrial do fungo possibilita diferenciar uma linhagem da outra de acordo com a região geográfica de origem, já que cada uma delas apresentou diferentes tamanhos e patrões de mutações. " Um dos grupos contém um padrão mutacional observado em amostras argentinas que exclui as outras amostras. Esse mecanismo pode ser usado na identificação de linhagens do fungo," explica o biólogo Marcelo Briones, um dos autores do estudo.