Apesar da meta de erradicação da hanseníase firmada pelo governo brasileiro em 2008, a cada ano são registrados cerca de 33 mil novos casos da doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Na raiz do problema, estão a negligência e o baixo nível de desenvolvimento humano no país, o IDH. " A hanseníase é uma doença negligenciada. Além disso, estudos comprovam que ela está relacionada à pobreza, ao processo de favelização, sexualidade precoce e uso de drogas" , explica o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Medicina Tropical, Manoel Otávio da Rocha.
De acordo com a pesquisadora da UFMG e dermatologista do Hospital Eduardo Menezes, referência em hansenologia, Silvia Helena Lyon, o preconceito é uma das faces mais tristes da hanseníase. " Além do preconceito familiar, existe muita rejeição dentro da sociedade. Quando o diagnóstico é conhecido, ou as lesões cutâneas são muito aparentes, existe um grande prejuízo social e profissional. Neste sentido, campanhas de conscientização que combatam o preconceito e informem sobre a possibilidade de cura, colaborariam tanto na contenção da doença quanto na aceitação dos doentes no convívio social" , disse.
Apesar do atual registro elevado, o número de casos da doença caiu 26% nos últimos dez anos. Em 2011, foram registrados 33.955 casos novos, contra 45.874 em 2001. O recuo foi um dos destaques do estudo Saúde Brasil 2011, apresentado durante a 12ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi) no ano passado.
Tratamento
Causada pelo bacilo de Hansen, que apresenta grande afinidade com a pele e nervos periféricos, o contágio da hanseníase se dá pelas vias aéreas superiores, no contato prolongado com a pessoa doente.
Não existem medidas específicas de prevenção, mas algumas providências podem conter o avanço da doença, como o diagnóstico e tratamento precoce, treinamento de pessoal nos serviços básicos de saúde, exame das pessoas que residem ou residiram com os pacientes nos últimos cinco anos (período médio de incubação) e aplicação da vacina BCG em quem convive ou conviveu com indivíduo infectado.
A BCG não é uma vacina específica para a hanseníase, mas tem capacidade de aumentar de 20% a 80% a proteção imunológica. O tratamento é gratuito em todo o Brasil e consiste na associação de dois ou três antibióticos, dependendo da forma clínica da doença.