Cientistas da Universidade de Buffalo, nos EUA, identificaram defeitos em uma via neurológica no desenvolvimento precoce que podem ser responsáveis pelo aparecimento da esquizofrenia mais tarde na vida.
A pesquisa pode permitir encontrar formas de deter o desenvolvimento da doença antes do aparecimento dos sintomas na adolescência ou na idade adulta.
A via genômica, chamada Integrative Nuclear FGFR 1 Signaling (INFS), é um ponto de interseção central de vias múltiplas de 160 genes diferentes que podem estar envolvidos na desordem.
"Acreditamos que este é o primeiro modelo que explica a esquizofrenia por meio de genes para o desenvolvimento de estrutura cerebral e, finalmente, para o comportamento", afirma o autor Michal Stachowiak.
Um dos principais desafios com a doença é que os pacientes com esquizofrenia exibem mutações em genes diferentes. "Como é possível ter 100 pacientes com esquizofrenia e cada um com uma mutação genética diferente que provoca a desordem? Isso é possível porque INFS integra diversos sinais neurológicos que controlam o desenvolvimento das células-tronco embrionárias e as células progenitoras neurais, e ela liga rotas envolvendo genes ligados à esquizofrenia", explica Stachowiak.
Segundo Stachowiak, INSF funciona como o maestro de uma orquestra. "Não importa qual músico está tocando a nota errada, ele derruba o maestro e a orquestra inteira. Com INFS, propomos que quando há uma alteração ou uma mutação em um gene ligado a esquizofrenia, o sistema do INFS que controla o desenvolvimento do cérebro inteiro fica desafinado. Assim a esquizofrenia se desenvolve."
Utilizando células estaminais embrionárias, Stachowiak e seus colegas descobriram que alguns genes implicados na esquizofrenia ligam a proteína FGFR1 (receptor do fator de crescimento de fibroblastos), o qual, por sua vez, tem um efeito cascata no INFS inteiro.
"Nós acreditamos que FGFR1 é o maestro que interage fisicamente com todos os genes que afetam a esquizofrenia. Acreditamos que a esquizofrenia ocorre quando há um mau funcionamento na transição de células-tronco para neurônio, particularmente com os neurônios de dopamina", afirma o pesquisador.
Os pesquisadores testaram sua hipótese através da criação de uma mutação de FGFR1 em camundongos, que produziram as marcas da doença humana: anatomia cerebral alterada, impactos comportamentais e processos sensoriais sobrecarregados.
"Ao atacar o caminho INFS, fomos capazes de reproduzir a esquizofrenia em camundongos", observa Stachowiak.
A equipe acredita que, se tal caminho genômico é causador da doença, então ele deve ser possível de ser alvo de novos tratamentos.
O trabalho aumenta as evidências existentes de que agonistas nicotínicos, muitas vezes prescritos como medicamentos para deixar de fumar, podem ajudar a melhorar a função cognitiva em pacientes esquizofrênicos, agindo sobre o INFS.