Para enfrentar os desafios da mudança de vida depois da cirurgia de redução de estômago, o Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, do Hospital Carlos Chagas no Rio de Janeiro, acompanha por dois anos o paciente de cirurgia bariátrica, após a intervenção. Cada reunião de grupo é realizada uma vez ao mês, sob a coordenação e supervisão de uma psicóloga e uma nutricionista. Um misto de terapia de grupo com consulta nutricional, que permite que os pacientes se expressem e façam questionamentos.
Segundo estudos da equipe do programa, a ansiedade e depressão atingem a maioria dos paciente após essas cirurgias. Dúvidas e medos em relação ao quê e quanto comer, como lidar com perda de cabelo, dores, rejeição alimentar, consumo de bebida alcoólica, cobranças da família, acabam afetando a saúde física e psicológica dos pacientes.
Uma das coordenadoras do programa, a psicóloga Sylvia Varoni, afirma que os candidatos à cirurgia costumam chegar com baixa autoestima, comportamentos que denotam dependência afetiva e falta de controle sobre a própria vida.
" Trabalhamos aspectos motivacionais e de autopreservação. Em grupo, eles se ajudam, interagem. Afinal, a cirurgia traz uma mudança muito importante - explicou ela, acrescentando que, muitas vezes, leva um tempo até que o cérebro processe a informação de que a pessoa não é mais obesa," disse.
De acordo com a nutricionista Kátia Rodriguez, a rotina, após a cirurgia, não é fácil. Na primeira etapa, com duração de três semanas, o paciente só consome líquidos. Na quarta semana, semilíquidos. A partir do segundo mês, estão liberados cozidos e alimentação pastosa. Tudo sempre em pequenas quantidades. A partir do terceiro mês, já é possível ingerir saladas. Somente após o sexto mês que a alimentação começa a voltar ao normal, com um aumento de quantidade.
" A psicologia é o braço direito da nutrição. As pessoas precisam aprender a comer corretamente, mas também devem romper com modos de pensar que fazem com que descontem ansiedades e frustrações no alimento ," afirma Kátia, que, junto com a psicóloga, atende a mais 20 grupos já operados por mês, além de cerca de 80 grupos de pacientes que ainda vão operar.