Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte (MG), estão realizando estudos para detectar tratamentos mais eficazes para pacientes com câncer de ovário. Até o momento, eles identificaram que as drogas modernas usadas em pacientes com a doença não trazem benefício algum nos casos de tumores metastáticos (fase na qual o tumor já se espalhou pelo corpo) e serve de alerta para uso generalizado desse tipo de tratamento.
" O uso das drogas à base de proteína TRAIL pode não ter eficácia no combate à doença para determinados tipos de tumores. Com a pesquisa, nós identificamos um grupo cujo tratamento poderia ser eficaz" , conta Letícia da Conceição Braga, autora da pesquisa.
Atualmente, existem duas formas de tratamento para pacientes com esse tipo de câncer que, segundo dados epidemiológicos, é a causa mais comum de morte nas pacientes com câncer ginecológico. A cirurgia para retirada do tumor (citorredução) para os casos de câncer primário, e a quimioterapia para as pacientes com câncer metastático.
Segundo Letícia Braga, o fato é que a resistência ao tratamento quimioterápico existe em mulheres, seja ele à base de cisplatina - o mais convencional, ou à base da proteína recombinante como o TRAIL - que é um tratamento novo, ainda em fase de testes clínicos.
A pesquisa focou no estudo de receptores tipo TRAIL pelo fato de existir uma droga cujo alvo é essa molécula. " Tratamentos à base de cisplatina agem de maneira genérica na célula, não diferenciando células normais das tumorais" , explica Letícia Braga. De acordo com ela, o que acontece atualmente, é que o tratamento quimioterápico é aplicado de maneira indiscriminada, sem determinar se as pacientes respondem ou não a uma determinada droga. " Daí a relevância do nosso trabalho: evitar que uma promissora estratégica terapêutica se torne ineficaz por puro desconhecimento da biologia do tumor" , explica.
Parceria
Essa primeira etapa foi realizada com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) em parceria com a Faculdade de Medicina da UFMG, que recrutou pacientes e coletou as amostras de tumores.
A próxima fase conta com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vai ampliar a proporção dos resultados. O estudo busca também identificar outros marcadores determinantes da eficácia desse novo tratamento à base da proteína TRAIL. " Esperamos que, ao final dessa nova etapa, em 2014, possamos realizar testes clínicos" , conclui Braga.