Pesquisadores da Universidade de Utah, nos EUA, descobriram que o uso de um medicamento da classe das estatinas, amplamente usadas para baixar o colesterol, pode reduzir os danos causados pela malária.
A pesquisa, realizada com ratos, mostra que a lovastatina diminui a neuroinflamação e protege contra a deterioração cognitiva nos animais com malária cerebral.
Segundo os pesquisadores, embora existam diferenças entre os modelos de rato e humanos de malária cerebral, as novas descobertas indicam que as estatinas são dignas de consideração em ensaios clínicos da doença.
O estudo foi publicado na revista PLoS Pathogens.
A malária é uma infecção causada por parasita que é transmitido aos seres humanos pela fêmea do mosquito Anopheles e é uma das principais doenças infecciosas em todo o mundo. A malária cerebral é uma complicação neurológica grave e potencialmente fatal da infecção pelo parasita Plasmodium falciparum.
Estudos de crianças com malária cerebral mostram que os déficits cognitivos, como a memória, aprendizagem, linguagem e habilidades matemáticas prejudicadas, persistem em muitos sobreviventes após a cura da infecção.
Pesquisas anteriores mostraram que as estatinas são capazes de modular uma variedade de respostas do sistema imune. Em sua pesquisa, Guy Zimmerman e seus colegas avaliaram o efeito das estatinas em um modelo de rato de malária cerebral.
Os pesquisadores descobriram que a adição de uma droga chamada lovastatina à terapia antimalárica tradicional impediu disfunção cognitiva em camundongos infectados com malária cerebral. Eles descobriram que a adição de lovastatina reduziu a acumulação de leucócitos e a permeabilidade em vasos sanguíneos no cérebro. Lovastatina também reduziu a produção de moléculas contendo oxigênio prejudicial e outros fatores que promovem a inflamação.
"Os mecanismos moleculares que dão origem à malária cerebral e disfunção cognitiva subsequente ainda não são conhecidos. No entanto, o fato de que o tratamento com estatinas diminui a inflamação prejudicial dos vasos sanguíneos e a disfunção cognitiva sugere que uma combinação de fatores vasculares e inflamatórios leva a déficits cerebrais e intelectuais", afirma Zimmerman.
A equipe também estudou a ação da lovastatina em um modelo experimental de sepse bacteriana, inflamação grave do organismo que também pode levar a comprometimento cognitivo. Eles descobriram que a lovastatina também impediu comprometimento cognitivo após sepse bacteriana. "Nossos resultados são animadores porque as implicações clínicas se estendem além da malária cerebral. Acreditamos que nossas observações são a primeira evidência experimental a apoiar a possibilidade do uso de estatinas para reduzir déficits cognitivos em pacientes criticamente doentes", conclui a pesquisadora.