Cientistas da University of Basque Country, na Espanha, descobriram novos marcadores genéticos que podem permitir personalizar o tratamento da leucemia linfoblástica aguda, o câncer mais comum em idade pediátrica.
O estudo indica que os marcadores poderiam melhorar a classificação de grupos de risco e prever a toxicidade do tratamento para o paciente.
A sobrevivência ao longo das últimas décadas tem aumentado de 10% para 80%. Esta melhoria foi obtida utilizando terapias combinadas e separando os pacientes em grupos de risco. Por exemplo, o tratamento mais forte é usado nos grupos em que uma pior resposta é esperada. Dessa forma, a probabilidade de sobrevivência nos grupos com um prognóstico pior é aumentada, enquanto que a toxicidade da quimioterapia em pacientes com melhor prognóstico é reduzida.
No entanto, a classificação de grupos de risco, que hoje em dia é realizada por meio de marcadores clÃnicos, como o número de linfócitos ou a idade do paciente, e alguns marcadores genéticos, não é totalmente exata. Por exemplo, alguns dos pacientes inicialmente considerados como de menor risco não respondem bem ao tratamento e a terapia tem que ser alterada para de maior risco.
Por outro lado, crianças com leucemia linfoblástica aguda recebem doses muito fortes da quimioterapia, e problemas de toxicidade, que podem ser muito graves, muitas vezes ocorrem. Atualmente, não existe nenhum marcador de toxicidade que é usado de uma forma padrão.
Novos marcadores
Para encontrar novos marcadores de risco, a equipe procurou deleções e duplicações em todo o genoma de células tumorais. Eles selecionaram os que eram recorrentes e os que eram exclusivos a um grupo de risco. "Nós encontramos um marcador de risco que aparece apenas em pacientes de baixo risco e outro presente apenas em pacientes de alto risco, que poderiam complementar os que já estão sendo utilizados. E mais 5 marcadores que aparecem em pacientes que foram alterados de baixo risco para alto risco", explica a autora da pesquisa Elixabet López.
A equipe também encontrou vários marcadores de toxicidade, utilizando o metotrexato, um dos medicamentos mais importantes que podem causar toxicidade, como por exemplo, algumas variantes do gene transportador de metotrexato e outras variantes relacionadas com microRNAs que regulam os genes.
O próximo objetivo de López é estudar como as variações genéticas encontradas afetam a expressão de genes e ver exatamente por que essas variações estão regulando toxicidade ou resposta ao tratamento. Além disso, para validar os marcadores, a equipe está planejando ensaios clÃnicos. "Nós encontramos essas associações em nossa população, mas um ensaio clÃnico seria necessário para ver se eles realmente são bons marcadores e se, na realidade, a sobrevivência e toxicidade são melhores quando estes marcadores são utilizados", conclui López.