Nas florestas da República Centro-Africana, crianças com menos de cinco anos estão morrendo em quantidade normalmente observada em guerras ou desastres naturais. A enfermeira de MSF Margarete Sepùlveda , que trabalha para mudar esse cenário, nos programas do Médico Sem Fronteiras, revelou forte preocupação quanto aos descaso com essas populações, que são abandonadas à própria sorte sem assistência básica de saúde.
Com projetos no Congo, no Haiti e na Costa do Marfim na bagagem, Margarete incorporou a combinação da mentalidade pragmática da África com o profissionalismo alemão, que garantem sua considerável força à frente da " Equipe Margarete" em suas movimentações através das florestas da África central.
A enfermeira viaja rumo aos vilarejos no coração da África, para avaliar pacientes e vaciná-los contra pólio, difteria, tétano, coqueluche, sarampo e febre amarela. Muitas crianças na República Centro-Africana não têm a sorte de terem acesso a essas vacinas e, por isso, fica a cargo de MSF, e de enfermeiros como Margarete, a função de fazer esse atendimento.
A desnutrição e falta de saneamento básico são os principais fatores que agravam a situação da saúde do povo africano. Margarete relata que num vilarejo uma criança estava desnutrida e com malária, dois problemas que geralmente andam juntos na região. " Malária e desnutrição geralmente caminham juntas" , continua Margarete. " Isso aumenta o risco de morte. Mas, se a criança está bem nutrida, ela pode viver alguns dias com a malária que nós ainda conseguimos salvá-la" . Para isto, as crianças são colocadas no programa nutricional e medicadas com Plumpy´Nut . Plumpy´Nut é uma pasta a base de amendoim enriquecida com vitaminas e minerais que permite a MSF tratar a desnutrição severa simples sem internar os pacientes no hospital, já que a pasta pode ser administrada em casa. É uma bomba calórica que salva vidas. Mesmo assim, Margarete se preocupa com o cenário que parece se agravar a cada dia. " Crianças estão morrendo o tempo todo. Elas morrem aqui como morrem nas guerras ou em meio a outras crises. Mas ninguém parece se importar. Não entendo, realmente não entendo. Estamos no coração da África. Mas é um coração esquecido." , denuncia.