Cientistas suÃços conseguiram reprogramar as células do sistema imunológico de cobaias para combater uma doença autoimune.
O método, que eliminou os sintomas da doença nos animais, é promissor para o tratamento contra o diabetes tipo 1 e a esclerose múltipla em seres humanos.
A equipe de pesquisa reciclou as células T envolvidas no diabetes tipo I. Utilizando uma proteÃna modificada, eles atacaram as células brancas do sangue (linfócitos T, ou células T) que estavam destruindo as células pancreáticas e causando a doença. Quando testada em ratos de laboratório, o tratamento eliminou todos os sinais da condição.
Para treinar as células brancas 'rebeldes' do sangue, os pesquisadores começaram com uma observação relativamente simples: todos os dias, milhares das nossas células morrem. Cada vez que uma célula morre, ela envia uma mensagem para o sistema imunológico. Se a morte é provocada por trauma, tais como a inflamação, a mensagem tende a estimular as células brancas do sangue para se tornarem agressivas. Mas, se a célula morre uma morte programada no final do seu ciclo de vida natural, ela envia um sinal tranquilizador.
No corpo humano há um tipo de célula que morre em massa, da ordem de 200 bilhões por dia, as células vermelhas do sangue. Cada uma destas mortes programadas envia uma mensagem calmante para o sistema imunológico. Os cientistas aproveitaram esta situação, e anexaram a proteÃna pancreática atacada pelas células T no diabetes tipo I à s células vermelhas do sangue.
"Nossa ideia era que, associando a proteÃna sob ataque a um evento calmante, como a morte programada de células vermelhas do sangue, isso iria reduzir a intensidade da resposta imune", explica o coautor do estudo Jeffrey Hubbell, da Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne.
As bilhões de células vermelhas do sangue sendo eliminadas por morte programada lançaram dois sinais ao organismo: a proteÃna de pâncreas artificial em anexo, e o sinal calmante. A associação destes dois elementos treinou os linfócitos T a parar de atacar as células do pâncreas. "Foi um sucesso total. Fomos capazes de eliminar a resposta imune em ratos com diabetes tipo I", observa Hubbell.
Segundo o pesquisador Stephan Kontos, a grande vantagem dessa abordagem é sua extrema precisão. "Nosso método tem um risco muito pequeno e não deve apresentar efeitos colaterais significativos, no sentido de que não estamos visando todo o sistema imunológico, mas apenas o tipo especÃfico de células T envolvidas na doença."
Os primeiros testes clÃnicos deverão ocorrer em 2014 para tratar, em primeiro lugar, os efeitos colaterais induzidos no sistema imunológico pelo tratamento da gota, doença crônica vinculada ao metabolismo do ácido úrico.