Uma equipe internacional de cientistas utilizou uma técnica inovadora de raios-X a laser, para revelar a estrutura tridimensional de uma enzima-chave que permite que o parasita unicelular cause a tripanossomíase africana, ou doença do sono, em seres humanos.
A equipe acredita que com a elucidação da estrutura 3D da enzima catepsina B, será possível conceber novas drogas capazes de inibir o parasita Trypanosoma brucei.
"Esta é a primeira estrutura a ser determinada por meio do novo método de cristalografia femtosegundo. A estrutura pode ser de grande importância para o desenvolvimento de novas drogas para combater a doença do sono, uma vez que mostra novas características da estrutura da proteína catepsina B, uma protease que é essencial para a patogênese", afirma a pesquisadora Petra Fromme.
A enzima catepsina B também é encontrada em seres humanos e todos os mamíferos. No entanto, a descoberta da estrutura 3D da enzima permitiu que os pesquisadores identificassem diferenças estruturais distintas entre a forma humana e do parasita da enzima. Alvos de drogas subsequentes podem bloquear seletivamente a enzima do parasita, deixando o paciente intacto.
Transferido para o hospedeiro mamífero através da picada da mosca tsé-tsé, os efeitos do parasita no organismo são quase sempre fatais se o tratamento não for recebido. O parasita da doença do sono ameaça mais de 60 milhões de pessoas na África subsaariana e anualmente mata cerca de 30 mil pessoas. Tratamentos atuais não são bem tolerados, causam sérios efeitos colaterais e os parasitas estão se tornando cada vez mais resistente à droga.