Cientistas do The Scripps Research Institute, nos EUA, revelaram detalhes inéditos da estrutura do vírus da gripe. A pesquisa tem potencial para ajudar a entender melhor como o vírus se replica dentro das células infectadas e fornecer melhores opções de tratamento.
Os pesquisadores usaram tecnologia de ponta e técnicas de biologia molecular e microscopia eletrônica para "visualizar" um dos complexos de proteínas essenciais do vírus influenza em detalhes sem precedentes.
As imagens geradas no estudo mostram proteínas do vírus da gripe no ato de auto replicação, destacando vulnerabilidades do vírus, o que pode ser de interesse para o desenvolvimento de novos medicamentos.
O trabalho incide sobre a ribonucleoproteína (RNP) do vírus da gripe. RNPs contêm material genético do vírus, mais a enzima especial que o vírus necessita para fazer cópias de si mesmo.
Os estudos mostraram a estrutura tridimensional das "embalagens" moleculares que carregam o material genético dos vírus. A análise revelou que tipo de proteínas compõe essa estrutura, e de que forma elas agem na replicação do influenza.
A compreensão de como o vírus se multiplica é um grande desafio para as pesquisas na medicina. As proteínas do influenza não interagem com as células de laboratório da mesma maneira como fazem com o hospedeiro, e por isso era impossível observar sua replicação. Nos atuais estudos, os pesquisadores foram capazes de superar esse obstáculo.
Inovações na imagiologia permitiram aos investigadores analisar amostras moleculares com mais facilidade, em menos tempo, e muitas vezes com menos matéria-prima. "Conseguimos, por exemplo, coletar dados automaticamente por vários dias seguidos, o que é incomum no trabalho de microscopia eletrônica", relata a pesquisadora Arne Moeller.
Segundo o pesquisador Ian A. Wilson, estudos estruturais nesta área tinham cessado por causa dos obstáculos técnicos envolvidos, e por isso este é um avanço bem vindo. Os dados deste estudo fornecem uma imagem muito mais clara do mecanismo de replicação do vírus da gripe.
O novo modelo RNP do influenza destaca alguns pontos fracos virais. "Não seríamos capazes de projetar drogas com base neste modelo apenas, mas agora temos uma ideia muito melhor de como as RNPs da gripe trabalham, o que sugere algumas possibilidades de melhores medicamentos contra a gripe", conclui o autor do estudo Robert N. Kirchdoerfer.