Pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, mostraram que os adolescentes nascidos prematuramente podem sofrer problemas de desenvolvimento cerebral que afetam diretamente a memória e a capacidade de aprendizagem.
A pesquisa mostra redução da "plasticidade" nos cérebros de adolescentes que nasceram antes ou na 37ª semana de gestação.
Os resultados da pesquisa foram publicados hoje no Journal of Neuroscience.
"A plasticidade do cérebro é fundamental para o aprendizado e a memória por toda a vida. Ela permite que o cérebro se reorganize, respondendo à s mudanças de comportamento, meio ambiente e estÃmulos, modificando o número e a força das conexões entre os neurônios e áreas diferentes do cérebro. Plasticidade é também importante para a recuperação de danos cerebrais", afirma a pesquisadora Julia Pitcher.
Pesquisas anteriores mostraram que crianças nascidas prematuramente muitas vezes experimentam problemas motores, cognitivos e de aprendizagem.
O crescimento do cérebro é rápido entre as semanas 20 e 37 de gestação, e nascer, mesmo que apenas um prematuro, parece causar alterações sutis na microestrutura do cérebro, conectividade neural e neuroquÃmica.
No entanto, os mecanismos que ligam esta fisiologia cerebral alterada com resultados comportamentais, como problemas de memória e de aprendizagem, eram desconhecidos.
A equipe decidiu, então, comparar adolescentes nascidos prematuramente com os nascidos no tempo certo, e também com adultos nascidos normalmente.
Eles usaram uma técnica não invasiva de estimulação magnética do cérebro, induzindo respostas do cérebro para obter uma medida da plasticidade. Os nÃveis de cortisol, normalmente produzido em resposta ao estresse, também foram medidos para melhor compreender as diferenças quÃmicas e hormonais entre os grupos.
Os adolescentes nascidos prematuramente mostraram claramente menor neuroplasticidade em resposta à estimulação do cérebro. Surpreendentemente, mesmo um nascimento pouco prematuro foi associado a uma resposta cerebral reduzida. Por outro lado, os adolescentes nascidos no tempo normal foram altamente "plásticos" em comparação com os adultos e os adolescentes nascidos de parto prematuro.
"Adolescentes prematuros também tinham nÃveis baixos de cortisol na saliva, o que foi altamente preditivo desta menor resposta cerebral. Muitas vezes as pessoas associam o aumento do cortisol ao estresse, mas o hormônio flutua acima e abaixo de cada perÃodo de 24 horas e isso desempenha um papel crÃtico na aprendizagem, na consolidação de novos conhecimentos na memória e na posterior recuperação dessas memórias. Isso pode ser importante para o desenvolvimento de uma possÃvel terapia para superar o problema da neuroplasticidade", conclui Pitcher.