Pesquisadores da Oregon Health & Science University , nos Estados Unidos, usaram uma polêmica técnica de fertilização in vitro para produzir embriões com material genético de duas mulheres e um homem.
A abordagem, que substitui o DNA mitocondrial defeituoso encontrado em um óvulo humano por outro saudável, pode ajudar a prevenir doenças genéticas de origem materna no futuro.
O DNA mitocondrial, localizado fora do núcleo das células, é herdado sempre da mãe e é o responsável pela transmissão de doenças hereditárias incuráveis que afetam especialmente os órgãos e tecidos com maiores necessidades de energia, como cérebro, coração, pâncreas e os rins.
A equipe de pesquisa, liderada por Shoukhrat Mitalipov, conseguiu substituir o genoma mitocondrial com defeito por outro de uma doadora, livre de mutações danosas. Com isso, os cientistas obtiveram um óvulo capaz de produzir blastócitos (embriões de até cinco dias de vida) e células-tronco embrionárias normais.
Segundo os pesquisadores, o bebê que nascesse deste óvulo teria todos os traços genéticos de sua mãe biológica, mas levaria o DNA mitocondrial da doadora e estaria livre das doenças que, de outro modo, seriam herdadas de sua progenitora.
No trabalho, os cientistas usaram 64 óvulos doados por mulheres saudáveis. Após a fertilização, 13 deles se desenvolveram normalmente e deram origem a embriões em estágios iniciais. Os cientistas dizem que não pretendem usá-los para gerar uma criança.
A ideia dos cientistas é que, no futuro, as mulheres que carregam mutações genéticas usem seus próprios óvulos, com um pequeno percentual do material genético de outra pessoa, para gerar filhos saudáveis.
Ensaios anteriores realizados com macacos utilizando a mesma técnica deram origem a animais saudáveis.
A equipe acredita que esta pesquisa, juntamente com outros esforços, pode abrir caminho para futuros ensaios clínicos em seres humanos.
Embora esta forma de terapia ainda não tenha sido aprovada nos Estados Unidos por envolver o uso de óvulos humanos, o Reino Unido afirma que considera seriamente seu uso para o tratamento de pacientes humanos com risco de doença baseada em mitocôndrias. Acredita-se que esta descoberta mais recente, combinada com estudos anteriores em animais, ajudará a informar que o processo de tomada de decisão.