Uma técnica usada pela indústria alimentícia para a esterilização de alimentos pode ser utilizada como alternativa combater bactérias em materiais hospitalares. Estudo desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) demonstrou que o método conseguiu a inativação completa da bactéria Mycobacterium abscessus um patógeno causador de infecções hospitalares, que é muito resistente e de difícil tratamento.
" A técnica foi introduzida na indústria alimentícia na década de 1990 no Japão. Portanto é um método já consolidado, sem riscos à saúde" , afirma o farmacêutico Ancelmo Rabelo de Souza, responsável pelo estudo. Também possui um nível de segurança muito positivo por não necessitar de reagentes químicos que possam alterar a qualidade do alimento e materiais hospitalares.
Segundo o farmacêutico, os materiais cirúrgicos e biofarmacêuticos, quando mal esterilizados, são fontes de infecções e geram graves doenças nas pessoas expostas a eles. Ademais, existe uma dificuldade muito grande em se conseguir descontaminar certos fômites hospitalares, principalmente, com o Mycobacterium abscessos, pelo fato de resistirem ao tratamento com a maioria dos agentes desinfetantes existentes.
Nos métodos tradicionais de autoclavagem em que os materiais são submetidos a temperaturas médias de 121 ºC por até 30 minutos, os instrumentos podem ficar danificados, visto que nem todo material suporta temperaturas tão altas. Com isso, enumera Souza, esta é mais uma vantagem da técnica que garante a preservação do material por utilizar temperaturas mais amenas na esterilização.
Testes
Para simular a esterilização, nos ensaios foram utilizadas amostras de PVC contaminadas com elevada concentração do Mycobacterium abscessus. Souza testou a pressão de 2.500 a 3.500 atmosferas em várias temperaturas e pH para selecionar as condições que atingem os melhores resultados. " Ao nível do mar a pressão é de uma atmosfera, o que dá para se ter ideia do nível de pressão a que submetemos as bactérias" , explica. Ele definiu o tratamento de -15ºC por 90 minutos, assim como o tratamento a 60º C por 45 minutos, como duas condições de inativação completa da bactéria, sem presença de agentes químicos. Anselmo Souza enfatiza que não se trata de redução, mas de inativação bacteriana. Essas condições foram as que apresentaram resultados interessantes para preservação de materiais.
Com informações da Unicamp