O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, nesta sexta-feira (19), no Diário Oficial da União, a Resolução 1.999/2012 que proíbe o uso de hormônios com o objetivo de retardar ou prevenir o processo de envelhecimento. A resolução permite a reposição de deficiências hormonais e de outros elementos apenas em casos de necessidade comprovada. Está vedada a prescrição dos hormônios conhecidos como " bioidênticos" para o tratamento antienvelhecimento e o uso de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes, entre outras.
" A falta de evidências científicas de benefícios, e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento" , informou o conselho no texto, após avaliação e revisão de estudos científicos sobre o assunto.
Segundo o CFM, os médicos que descumprirem as regras poderão sofrer penalidades que vão desde advertência até cassação do registro.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) comemorou a resolução. Em nota, a organização informou que a proibição protegerá a população de danos à saúde que vão desde o aumento da toxicidade no organismo até os casos de câncer.
O Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, Gerson Zafalon Martins, que coordenou o trabalho que resultou na nova resolução, alerta para os riscos que tais métodos podem causar. Segundo ele, há possibilidade de que adoção destas terapias possam provocar danos permanentes, inclusive contribuindo para o aumento do risco de câncer em determinados pacientes. "Prescrever hormônio do crescimento para"rejuvenescer" um adulto que não tem deficiência desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias".
Mudança de comportamento
Na avaliação do plenário do CFM, o aumento da longevidade não decorre tratamentos específicos, mas de uma mudança de atitude, que inclui a adoção de hábitos saudáveis (melhor alimentação, prática de esportes, abandono do tabaco e uso limitado do álcool, entre outros pontos). "Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de várias doenças", alerta a geriatra Elisa Franco Costa, que auxiliou na pesquisa do CFM.
Entre as diferentes técnicas para deter o envelhecimento, a principal crítica do CFM se detém sobre a reposição hormonal e a suplementação com antioxidantes (vitaminas e sais minerais). De acordo com o CFM, a adoção destes métodos não gerou, até o momento, resultados confirmados por estudos científicos em grandes grupos populacionais ou de longa duração. Além disso, como eram empregados em pacientes com hipofunção glandular, podem provocar efeitos adversos que levem seus usuários ao desenvolvimento de outras disfunções.
Para os conselheiros, a prescrição e o emprego de tratamentos de forma inadequada colocam a saúde dos pacientes em risco. Este entendimento é o mesmo de outros órgãos de regulação, tanto nacionais quanto internacionais, se posicionam contra a manipulação hormonal em indivíduos saudáveis.
Com informações da Agência Brasil