Além de diagnosticar as dificuldades enfrentadas pelo sistema de saúde brasileiro é também preciso encontrar alternativas para superá-las. Esta é uma das constatações da tese de doutorado do economista João Fernando Moura Viana, defendida recentemente no Instituto de Economia (IE) da Unicamp. O pesquisador defende um novo arranjo institucional que envolva o estado, as famílias e as empresas. É a partir desse modelo, acredita o economista, que será possível ao país adotar ações para vencer os desafios mais urgentes e evitar colapso do sistema de saúde.
De acordo com o autor do trabalho, a falta de regulação entre o público e o privado e alguns outros problemas enfrentados pelo sistema de saúde no país, como o aumento dos gastos com a assistência devido ao envelhecimento progressivo da população, podem aprofundar as iniquidades presentes no setor, caso não sejam devidamente enfrentados.
Na visão de Viana, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão vinculado ao Ministério da Saúde responsável por regulamentar as atividades dos planos de saúde, dispõe de uma agenda, mas esta não tem contemplado aspectos que ele entende como cruciais para o enfrentamento dos atuais e futuros entraves do sistema de saúde do país. Um deles, destaca o economista, é o acelerado processo de envelhecimento da população. De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 10% da população brasileira tem atualmente mais de 60 anos. Em 2030, esse contingente subirá para 20% e em 2050, para 30%. "É justamente na faixa etária mais elevada que as pessoas, principalmente as pertencentes à classe média, passam a ganhar menos, em razão da aposentadoria, e a pagar mais pelos planos de saúde" , assinala o autor da tese.
Como não se limitou somente a diagnosticar as mazelas do sistema de saúde brasileiro, o autor da tese faz algumas proposições no seu trabalho, como forma de estimular o diálogo com vistas à formulação de políticas públicas mais efetivas para o setor.
"Penso que a alternativa mais viável é a redução de custos" , sinaliza. Segundo o economista, é preciso atuar no sentido de tornar o processo de incorporação tecnológica mais rigoroso. Atualmente, diz, os gastos nessa área são feitos sem tanto controle. " Muitas vezes, são usados recursos desnecessários. Há casos em que são utilizados stents [tubos de metal que têm a função de aumentar o calibre dos vasos sanguíneos] que custam R$ 20 mil, quando existem similares no mercado que custam quatro ou cinco vezes menos" , exemplifica.
Com informações da Unicamp