Trabalho desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) poderá ajudar a prever os impactos da poluição atmosférica na saúde humana. Isso porque os pesquisadores empregaram uma tecnologia que avalia os dados de concentração de poluentes provenientes das estações de monitoramento da qualidade do ar, principalmente os impactos relacionados a doenças respiratórias e cardiovasculares.
A autora do estudo Yara de Souza Tadano explica que, apesar da quantidade de estudos já realizados, tanto de dispersão como de impacto da poluição atmosférica na saúde, as abordagens envolvendo a dispersão geralmente preocupam-se em somente avaliar a qualidade do ar, sem relacioná-la com os impactos sobre a saúde.
O desafio de Yara foi encontrar uma metodologia que conjugasse dispersão atmosférica e impacto sobre a saúde populacional e possibilitasse determinar o impacto dessa poluição sobre a saúde em regiões onde não existe monitoramento da qualidade do ar e, além disso, viabilizasse a previsão de impactos futuros.
Através do levantamento das características do parque industrial de uma região, do tipo e quantidade de veículos circulantes, de informações sobre clima, relevo, temperatura, regime de chuvas, entre outros elementos, é possível fazer uma estimativa da distribuição e concentração dos poluentes e cruzar esses resultados e relacioná-los com as informações sobre atendimentos hospitalares disponibilizadas pelo SUS.
Baseada em um estudo de caso, a metodologia proposta foi aplicada à Região Metropolitana de Campinas, utilizando dados do período compreendido entre 2007 e 2009. No trabalho a autora simulou a dispersão dos principais poluentes atmosféricos regulamentados pelo Conama - óxidos de nitrogênio (NO), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO) e material particulado com diâmetro aerodinâmico menor ou igual a 10 µm (MP10); avaliou a correlação dos dados obtidos através da modelagem da dispersão atmosférica com dados de monitoramento da qualidade do ar; comparou modelos de impacto existentes; avaliou o impacto da poluição atmosférica na saúde da população do município de Campinas e mostrou a utilidade da proposta de unir estudos de dispersão e impacto.
Desenvolvimento
Segundo a pesquisadora, a metodologia proposta permite expandir os estudos de poluição atmosférica, possibilitando determinações até então inviáveis. Para ela, a grande contribuição do trabalho foi ter permitido a união de duas metodologias, o que aumenta as possibilidades de estudos sobre poluição atmosférica, podendo paralelamente levar ao desenvolvimento de uma nova área de pesquisa envolvendo tanto a dispersão como o impacto da poluição na saúde.
Para o aprimoramento da técnica, Yara sugere o desenvolvimento de trabalhos que utilizam bancos de dados mais amplos; a realização de estudos em outras regiões que possam garantir o uso generalizado da metodologia; a inclusão de outros tipos de poluentes; e a consideração de outras possibilidades de impactos.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a metodologia proposta pode ser aprimorada com vistas a planejamentos urbanos, na elaboração de planos diretores municipais e constituir o embrião de uma metodologia para planejamento de rede de monitoramento de qualidade do ar.
Com informações da Unicamp