Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que um terço das gestantes com doença falciforme pode apresentar complicações graves, principalmente pulmonares, durante a gravidez. O trabalho foi apresentado junto ao programa de pós-graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG. A hematologista Patrícia Cardoso, integrante do Projeto Aninha, acompanhou 104 gestantes, cadastradas na Fundação Hemominas e atendidas em diversos serviços de Pré-Natal de Alto Risco em Minas Gerais.
" Os resultados confirmam a importância do acompanhamento especializado e de atenção constante aos cuidados necessários para uma gestação tranquila" , afirma Patrícia.
De acordo com a pesquisadora, a melhor maneira de garantir que tudo corra bem é aliar prevenção e reação rápida a qualquer mal-estar. Além dos cuidados típicos relacionados à gravidez e à doença falciforme, as futuras mães devem redobrar a atenção com sua saúde. " As indicações médicas devem ser seguidas à risca, para evitar que complicações graves aconteçam" , afirma. " As gestantes também devem procurar o médico rapidamente quando sentirem algo errado, antes que o problema se agrave e o tratamento fique mais difícil" .
Outro detalhe muito importante é não abandonar o acompanhamento no pré-natal, que deve envolver equipe especializada em lidar com doença falciforme. " Muitas gestantes, por estarem se sentindo bem, deixam de ir às consultas agendadas" , conta a autora. " Isso impede que algum problema seja detectado precocemente, deixando brechas para algo mais grave se desenvolver" .
O estudo também comparou possíveis diferenças durante a gestação de mães com anemia falciforme, a mais grave das doenças falciformes, e a chamada hemoglobinopatia SC, um pouco mais branda. Apesar das diferenças entre as doenças, constatou-se que durante a gravidez a ocorrência de complicações é similar entre essas gestantes, o que confirma a importância do acompanhamento especializado. " Muitas vezes acontece de sintomas que passam despercebidos em pacientes não grávidas evoluírem para complicações graves durante a gestação, levando até mesmo ao risco de morte" , explica Patrícia.
Projeto Aninha
Uma das ações do Centro de educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), o Projeto Aninha foi criado em outubro de 2007 com o objetivo acompanhar gestantes com doença falciforme e compartilhar com diversos profissionais de saúde conhecimentos relativos aos cuidados necessários para o atendimento destas mulheres. Além disso, são realizadas atividades de pesquisa, a fim de conhecer melhor as particularidades desse momento na vida das mulheres com a doença. A equipe do projeto conta com profissionais de diversas especialidades, que trabalham também na capacitação de profissionais de saúde das unidades públicas de pré-natal de alto risco.
Com informações da UFMG