Estudo publicado no Boletim de outubro da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que os governos poderiam poupar milhões de dólares simplesmente investindo em exames oftalmológicos e fornecendo óculos para cerca de 703 milhões de pessoas que precisam deles.
O estudo estima que 65 mil optometristas, oftalmologistas, distribuidores ópticos e outros profissionais de cuidado ocular seriam necessários para fornecer esses serviços, o que iria custar entre U$ 20 milhões e 28 milhões.
"Este valor não é nada comparado com o 202 milhões de dólares em perdas estimadas anualmente em produto interno bruto global, devido ao fato de que esses 703 milhões de pessoas estão vivendo com erros refrativos não corrigidos", afirma o coautor Brien Holden na University of New South Wales, na Austrália.
Erro de refração é uma doença ocular comum que resulta em visão turva. As quatro formas principais são miopia, hipermetropia (clarividência), astigmatismo (visão distorcida) e presbiopia (o que torna a leitura sem óculos impossível).
Essas condições são as causas mais comuns de deficiência visual em todo o mundo e a segunda causa mais comum de cegueira. Elas não podem ser evitadas, mas podem ser diagnosticadas através de um exame de vista e tratadas com óculos, lentes de contato ou cirurgia.
"Melhorar a visão das pessoas poderia gerar benefícios econômicos consideráveis, especialmente em países de baixa e média renda, onde esses problemas são muito incidentes, e pode fornecer uma importante contribuição para o desenvolvimento global", observa Holden.
Ainda segundo Holden, crianças e adultos com erro de refração não corrigido enfrentam muitos efeitos econômicos e sociais, incluindo visão ruim, pior educação e menos oportunidades de emprego, além de isolamento social e perda de produtividade.
"Os governos enfrentam decisões difíceis sobre a melhor forma de utilizar os recursos escassos. Agora que temos a evidência para os benefícios econômicos da correção dos erros de refração, o investimento na saúde ocular deve ser uma das decisões mais fáceis", afirma o coautor do artigo, Kevin Frick, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
Os pesquisadores esperam que a pesquisa possa enviar um sinal aos governos de todo o mundo a fim de melhorar o investimento na prestação de serviços oftalmológicos.