O novo Centro de Trauma para atendimento à população idosa, anunciado nesta segunda-feira (1°), no Rio de Janeiro, receberá pacientes vindos de emergências hospitalaraes, que serão operados em até 36 horas. "O estado tem hoje a segunda população mais idosa do país, com 13% das pessoas com mais de 60 anos", avalia o secretário de Saúde Sérgio Côrtes.
Para isso, o Hospital São Francisco, na Tijuca, vem sendo preparado pela Secretaria de Estado de Saúde, com reforma no centro cirúrgico, investimento na criação de 20 leitos de enfermaria, cinco leitos de CTI e reforço no quadro de médicos, com 10 ortopedistas e cinco anestesistas.
A previsão é que a unidade comece a funcionar até o fim do ano, recebendo pacientes referenciados de outros hospitais; as cirurgias serão realizadas em 36 horas, no máximo 48h, o chamado período de ouro. A intenção é também diminuir o tempo médio de internação de 20 dias para quatro dias e os pacientes continuarão a receber atendimento domiciliar, com uma equipe multidisciplinar, que vai contar com enfermeiros, assistentes sociais e fisioterapeutas.
A ideia da criação do Centro de Trauma para Idosos é atender aos casos ortopédicos que cada vez mais chegam às grandes emergências da rede; motivados, na maioria dos casos, por quedas em casa ou na rua. De acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS, a taxa de internação por quedas em pacientes acima de 60 anos era de 24,79% em 2010 (o dado mais recente). Dois anos antes, era de 19,27%.
Por conta da alta demanda de cirurgias de emergência nas unidades de saúde, em especial, politraumatizados e baleados, muitas vezes esses idosos ficam internados por longos períodos, aguardando pela cirurgia. O objetivo da unidade é garantir um atendimento exclusivo, a fim de diminuir sequelas e permitir uma recuperação mais rápida, fundamental para pacientes acima de 60 anos.
Estatísticas indicam que o maior volume de procedimentos ambulatórias efetuados no estado foi para os atendimentos cujos diagnósticos de doenças do aparelho geniturinário (26,69%) e doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (20,11%), ambos com maior concentração na faixa de 60 a 69 anos. As doenças do sistema nervoso corresponderam a 17,67%, com maior volume de procedimentos efetuados na faixa de 70 anos ou mais.
Investimento em pesquisa
O governo do estado também inaugurou nesta segunda-feira o Cepe Pró-Idoso, que tem como objetivo congregar profissionais de saúde, universidades e sociedade civil para realizar estudos, pesquisas e protocolos na área do envelhecimento, com perspectiva de melhorar a qualidade de vida dos idosos. O centro está em funcionamento desde abril de 2012 e é um projeto gerenciado pelo Instituto Vital Brazil.
Os estudos possibilitarão novas propostas de políticas públicas voltadas para o cidadão idoso e a capacitação dos profissionais de saúde e outras categorias em cuidados geriátricos e gerontológicos.
"Já em 2013 vamos preparar um edital pra investimento de R$ 5 milhões em pesquisa geriátrica", anunciou o governador Sérgio Cabral.
O Cepe tem ainda a finalidade de ser um espaço de discussão de temas relacionados e capacitar cuidadores envolvidos na atenção ao idoso, por meio de debates, cursos e seminários abertos a profissionais de saúde e ao público em geral.
"Este é o primeiro centro de referência no Brasil para o atendimento específico do idoso. Não é apenas um espaço de assistência ambulatorial, mas um espaço para avaliar como o estado do Rio está envelhecendo. Com isso, podemos criar protocolos sobre quedas e oferecer cursos de capacitação para cuidadores", completou Côrtes.