Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), em parceria com a Agência Nacional Francesa de Pesquisas sobre Aids e Hepatites Virais (ANRS), o Ministério da Saúde e centros de pesquisa no Brasil e na França testaram um esquema antirretroviral contendo o medicamento Raltegravir, pertencente à classe de fármacos chamada Inibidores de Integrase, comparando-o ao que contém Efavirenz. Resultados dos testes revelam que esquema com o inibidor mostrou eficácia e segurança para tratar portadores de HIV com tuberculose.
Segundo a infectologista da Fiocruz e coordenadora do estudo no Brasil, Beatriz Grinsztejn, os resultados apontam para a possibilidade do uso do inibidor como alternativa ao Efavirenz. " O Raltegravir tem um bom perfil de tolerância e é fácil de ser tomado" , afirma. O estudo, que está em fase dois, envolveu 155 soropositivos em tratamento para tuberculose à base de Rifampicina. Os participantes foram distribuídos em três grupos, sendo que o primeiro recebeu uma dose padrão de Raltegravir (400 mg duas vezes ao dia), o segundo uma dose dupla do fármaco e o terceiro a dose usual de Efavirenz. Os três grupos participaram dos testes por 48 semanas e receberam concomitantemente o tratamento para tuberculose. Para Grinsztejn, os achados indicam a realização de um estudo maior, de fase três, para que resultados definitivos possam ser alcançados. " Nossa expectativa para as próximas etapas é otimista" , declara.
A tuberculose é a principal causa de óbito entre soropositivos e, assim como a Aids, atinge especialmente países em desenvolvimento, onde cresce o número de pacientes com as duas doenças. A Rifampicina é um dos componentes básicos utilizados no combate à tuberculose, porém, interage com muitos dos antirretrovirais usados para tratar a infecção pelo HIV, o que pode gerar dificuldades no tratamento de co-infectados. O medicamento Efavirenz, em combinação com os fármacos Tenofovir (TDF) e Lamivudina (3TC), compõe o esquema antirretroviral utilizado no tratamento inicial desses pacientes. Entretanto, ainda não há um esquema alternativo voltado a indivíduos com intolerância ao Efavirenz e a mulheres em início de gestação, cujo uso é restrito em função do risco de danos ao feto.