Em breve, os geneticistas serão capazes de identificar o risco de uma criança desenvolver doenças crônicas na vida adulta e possivelmente lançar luz sobre outras características, como a capacidade intelectual e atlética.
A fonte dessas informações, provavelmente, serão amostras de sangue das gestantes. Pela primeira vez, a ciência conseguiu extrair o DNA fetal a partir do sangue de uma mulher grávida e examinar os genomas do feto.
O seqüenciamento completo do genoma no pré-natal ainda não está disponível no ambiente clínico. Mas profissionais afirmam que pediatras e médicos de família terão que lidar com estas novas informações em curto espaço de tempo.
As principais metas do procedimento são melhorar a detecção de graves doenças genéticas antes de uma criança nascer, ajudando a criar procedimentos preventivos para evitar o desenvolvimento destas doenças na vida futura.
" Acredito que estas informações estarão disponíveis na clínica médica em menos de uma década. Mas a comunidade médica não está preparada para enfrentar os desafios clínicos e as questões éticas que, provavelmente, vão acompanhar estas novidades, diz Benjamin E. Berkman, vice-diretor do Núcleo de Bioética do National Human Genome Research Institute, em Bethesda, Maryland (EUA).
Ainda não existem orientações oficiais sobre como usar o sequenciamento completo do genoma no pré-natal na prática clínica. Mas, em maio, o Amercian College of Medical Genetics and Denomics aprovou declaração detalhando como integrar o seqüenciamento à prática.
" Tais preocupações podem incluir incerteza do médico sobre quais os resultados devem ser revelados para as famílias, além do preocupante aumento potencial no número de abortos devido às incertezas dos pais sobre os impactos dos resultados genéticos na vida dos filhos," afirma artigo publicado na edição de julho-agosto do Hastings Center Report, do qual Berkman é um dos autores.
O relatório pede a organizações médicas em todo mundo que comecem a informar e educar os profissionais para lidar com os resultados do seqüenciamento completo do genoma no pré-natal e como discutir o procedimento com casais grávidos. Embora o seqüenciamento, em geral, seja prescrito por obstetras e ginecologistas, alguns pacientes podem recorrer aos seus médicos generalistas, afirmam os estudos.
Os testes estão aqui, disse em New York o geneticista Robert W. Marion, chefe da divisão de genetica do Departamento de Pedriatria do Children s Hospital at Montefiore and the Albert Einstein College of Medicine in New York.
" A tecnologia vai avançar e o público vai aprender sobre isso. A comunidade médica não pode sentar e esperar que aconteça. Temos que dar o primeiro passo, buscando mostrar aos profissionais médicos a importância destes resultados e como lidar com eles junto aos pacientes," afirma.
A Associação Médica Americana está desenvolvendo ferramentas para ajudar os profissionais a trabalharem com estas informações. "Dentro dos próximos anos, tem que haver uma massiva formação de profissionais de saúde sobre o seqüenciamento completo do genoma no pré-natal, porque isto vai significar uma grande mudança em toda medicina," afirma Robert W. Marion.