Especialistas discutiram, na quarta-feira (25), como conciliar a ciência e o uso de saberes tradicionais para o desenvolvimento do país, na mesa-redonda "Saberes Tradicionais e pesquisa científica - desenvolvimento de produtos e processos para enfrentar a pobreza". O assunto foi tema central da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís.
Na discussão, foi apontada a importância de investimentos em educação e em pesquisas científicas, a fim de explorar o potencial da biodiversidade brasileira. Os cientistas reconheceram o uso de saberes tradicionais como "uma fonte valiosa de investigação científica e tecnológica para a criação de produtos". Consideraram também o potencial brasileiro para o desenvolvimento de medicamentos, já que o país historicamente acumula déficit bilionário na balança comercial de fármacos. Segundo os estudiosos, assim, a política pode contribuir para o desenvolvimento do país.
A tendência é de uma mudança no atual modelo internacional de desenvolvimento econômico, uma vez que os saberes tradicionais passam a ser reconhecidos. Segundo o antropólogo Alfredo Wagner Almeida, presidente do Programa Nova Cartografia Social da Amazônia, na primeira década do século XXI há uma significativa movimentação internacional para o reconhecimento de saberes tradicionais no avanço de nações.
A professora titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Vanderlan da Silva Bolzani, apontou que a biodiversidade brasileira que pode ser explorada pela pesquisa científica no processo de desenvolvimento de medicamentos, por exemplo. Com base em dados internacionais, ela disse que os gastos com a saúde são estimados em US$ 179 bilhões este ano em todo o mundo.
Segundo o antropólogo Alfredo Wagner, hoje, a questão do uso dos conhecimentos milenares de vários povos foi ampliada: é um tema das universidades e dos movimentos sociais pautado em uma relação estratégica empresarial.
O debate foi acompanhado por alunos, pesquisadores, professores e cientistas. A 64ª reunião terminou nesta sexta-feira (27). Segundo a organização, 25 mil pessoas participaram do evento.