Dois homens com HIV não têm mais níveis detectáveis do vírus no sangue após receberem transplantes de medula óssea para tratar seus cânceres. A segunda possibilidade de cura da AIDS foi anunciada nesta quinta-feira (26) na Conferência Internacional da Aids 2012, em Washington (EUA).
O primeiro caso é o do norte-americano Timothy Ray Brown, que se livrou do vírus após ser submetido a um tratamento em Berlim (Alemanha), em 2007.
"Nós esperávamos que o HIV desaparecesse do plasma dos pacientes, mas é surpreendente o fato de não ser possível encontrar qualquer vestígio de HIV em suas células" , diz o pesquisador envolvido no estudo Timothy Henrich, do Brigham and Women's Hospital (BWH).
O estudo foi liderado por Daniel Kuritzkes (BWH) e analisou a evolução de dois portadores de HIV que se submeteram a um transplante de medula óssea após a detecção de um câncer.
Ambos os pacientes, infectados durante anos, tinham se submetido ao tratamento antiretroviral que suprimiu a reprodução do HIV, mas, segundo a pesquisa, tinham o vírus latente antes do transplante. Eles receberam uma forma mais leve da quimioterapia antes do transplante, o que lhes permitiu seguir tomando seus remédios contra o HIV durante todo o processo do transplante.
Imediatamente após o procedimento, ainda era possível detectar o HIV, mas, com o tempo, as células transplantadas substituíram os linfócitos dos pacientes e a quantidade de HIV no DNA de suas cédulas diminuiu até o ponto de ficar indetectável.
Em comunicado, os autores da pesquisa informaram que um paciente foi acompanhado por cerca de dois anos, enquanto o outro foi testado durante três anos e meio. Não foi registrado rastro do vírus em nenhum dos casos.
"Acreditamos que a administração contínua de um tratamento antiretroviral que protege as células da doadora de infectar-se do HIV, enquanto eliminam e substituem as células dos pacientes, é efetiva para eliminar o vírus dos linfócitos do sangue dos pacientes", sugerem os especialistas.
Apesar dos resultados animadores, os médicos adotam cautela quando se fala na cura desses pacientes. A equipe de pesquisa observa que eles ainda estão recebendo medicamentos antiretrovirais, que devem ser retirados aos poucos.