Após três décadas da epidemia de Aids, as mulheres ainda continuam sendo um dos grupos mais prejudicados pela epidemia e precisam ser uma priorizadas em pesquisa, cuidados e tratamento. Segundo dados divulgados durante a conferência, estima-se que dos 34 milhões de adultos vivendo com HIV em todo o mundo, 50% são mulheres.
Geralmente as mulheres estão em maior risco de transmissão heterossexual do HIV. Biologicamente têm duas vezes mais probabilidades de serem infectadas com o vírus através de relações heterossexuais sem proteção do que os homens. Em muitos países elas têm poucas condições de negociar o uso do preservativo e são constantemente expostas ao sexo não consensual. Além destas questões, elas têm que lidar com a transmissão mãe-filho do HIV. A responsabilidade de cuidar de pacientes com AIDS e órfãos também é um problema que tem um efeito maior sobre as mulheres.
"Nós não podemos sequer começar a falar sobre o fim da AIDS, quando muito do impacto da epidemia continua a atingir tão fortemente as mulheres," afirmou Diane Havlir, vice-presidente da conferência e professora de Medicina da Universidade de Califórnia (EUA).
"Os grandes progressos que temos visto na redução da transmissão de mãe para filho através de medicamentos anti-retrovirais devem ser disponibilizados com mais agilidade, principalmente para os países mais pobres, para diminuir o peso da epidemia para o sexo feminino. Principalmente as novas tecnologias como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e microbicidas que poderão ser a chave para o fim da epidemia," completa Havlir
A sessão regional desta quarta-feira: Getting HIV and AIDS down to zero in the Arab States, destaca o foco da conferência sobre países e regiões que são fundamentais para acabar com a epidemia.
O papel de países emergentes como África do Sul, Brasil, Índia e China em sua liderança da epidemia foi o tema de uma sessão especial mesa redonda de ontem. Com representantes de alto nível das quatro potências emergentes chegou-se a conclusão que a resposta à epidemia do HIV / AIDS nesses países trouxe algumas importantes inovações em seus sistemas de saúde.
"No caso da Índia e do Brasil, tivemos resultados importantes na produção de genéricos de anti-retrovirais," disse Elly Katabira, presidente da International AIDS Society (IAS). "Estes países podem dar continuidade às suas políticas para Aids com menor dependência da comunidade internacional e esperamos que, num futuro próximo, eles possam desempenhar papéis importantes no financiamento de programas de pesquisa e tratamento a nível internacional," completa Katabira.