Durante entrevista prévia da edição 2012 da Conferência da Sociedade Internacional de Aids, que acontece em Washington (EUA) entre dos dias 22 e 27 de julho, a virologista francesa Françoise Barre-Sinoussi afirmou que a "cura da Aids está à vista".
"Hoje é o primeiro passo para a cura da aids", disparou a ganhadora do prêmio Nobel em 2008, por descobertas relacionadas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV). A declaração foi feita na quinta-feira (19), quando Barre-Sinoussi anunciou o início de uma coalizão internacional para finalmente derrotar o vírus.
A mobilização tem como inspiração a história do norte-americano Timothy Ray Brown, que conseguiu se curar da Aids após ser submetido a um tratamento em Berlim, em 2007. Brown recebeu um transplante de células-tronco de um homem com uma rara mutação genética que impede a contaminação pelo HIV. Todo seu sistema imunológico foi substituído por um novo. Nos últimos anos, o sucesso da abordagem se tornou um norte para muitos pesquisadores e renovou as esperanças em relação ao desenvolvimento de uma cura para a Aids. Muitas equipes de pesquisa então passaram a buscar repetir o tratamento, apesar do alto custo e das dificuldades para reprodução em grande escala.
No entanto, a partir de agora, ao invés de procurar copiar o tratamento de Brown, os pesquisadores irão se concentrar em como chegar a uma reação semelhante de forma mais barata e fácil de replicar.
Mas não é só o caso de Brown que tem servido para renovar os ânimos dos pesquisadores. Segundo Barre-Sinoussi, agora existe a certeza de que uma minoria de pacientes, cerca de 0,3%, não apresentam sintomas da doenças mesmo sem nunca ter recebido qualquer tratamento e um pequeno grupo que recebeu medicamentos antirretrovirais na França passou a viver sem os sintomas da doença.
"Há esperança, mas não me pergunte para uma data porque não sabemos", diz a virologista. Apesar de evitar estabelecer um prazo para a descoberta da cura da aids, Barre-Sinoussi, disse que é possível, "em princípio", eliminar a pandemia até 2050 se as barreiras ao acesso a medicamentos forem eliminadas.
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Luta contra a Aids (Unaids), o número de mortes pela infecção por HIV está em queda em várias partes do mundo. De 2005 a 2011, a redução foi de 24%. Já o número de pessoas em tratamento subiu 20% entre 2010 e 2011, alcançando 8 milhões de pessoas, a maioria nos países mais pobres. Atualmente, mais de 34 milhões de pessoas no mundo vivem com o vírus HIV.
Assista logo abaixo vídeo de Françoise Barré-Sinoussi na Emory University, gravado em 24 de junho de 2011. Nobel fala sobre os progressos em direção a uma cura para a Aids, incluindo o chamado "paciente de Berlim" que foi curado da doença por um transplante de medula óssea.