O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) inicia, no próximo sábado (21), as operações da fábrica de antirretrovirais e outros medicamentos em Moçambique. A cerimônia de inauguração acontece na capital Maputo, no final da cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Oficialmente denominada Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM), a unidade fabril é a primeira instituição pública no setor farmacêutico da África.
A tecnologia para desenvolvimento e produção dos medicamentos será transferida gradualmente por Farmanguinhos. Além dos antirretrovirais, há previsão de fabricar 21 tipos diferentes de medicamentos.
De acordo com o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, os trabalhos serão desenvolvidos " por meio de uma cooperação horizontal, de identificação de quais são as vulnerabilidades e as demandas de um país africano" . O governo brasileiro doou os equipamentos e houve também doções de empresas privadas que atuam em Moçambique. Haverá ainda capacitação de pessoal para a área e construção de aparato regulatório na área de saúde, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ajudará a configurar. Segundo o presidente da Fiocruz, a expectativa é de que a fábrica seja certificada internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e forneça medicamentos para toda a África subsaariana.
Produção anual
A iniciativa faz parte do acordo de cooperação entre Brasil e Moçambique dois países e deve beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids naquele país. Nesta primeira etapa, serão rotulados 3.255 frascos de Nevirapina 200 mg, o que equivale a 195.300 unidades farmacêuticas. Inicialmente serão produzidos três antirretrovirais - Lamivudina¨Zidovudina, Nevirapina e Ribavirina - num total de 226 milhões de unidades farmacêuticas por ano. Futuramente, outros cinco serão incluídos na lista.
Além dos antirretrovirais, há previsão de fabricar 21 tipos diferentes de medicamentos, entre os quais antibióticos, antianêmicos, anti-hipertensivos, antiinflamatórios, hipoglicemiantes, diuréticos, antiparasitários e corticosteróides. A estimativa é que a fábrica produza cerca de 371 milhões de unidades farmacêuticas por ano, incluindo antirretrovirais e demais medicamentos.