Crianças com deficiência são quase quatro vezes mais propensas a sofrerem violência. É o que aponta análise encomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), publicada nesta quinta-feira (12) na revista médica The Lancet.
Resultados da revisão indicam que as crianças com deficiência são:
3,7 vezes mais propensas do que crianças não-deficientes a serem vítimas de qualquer tipo de violência;
3,6 vezes mais propensas a serem vítimas de violência física e
2,9 vezes mais propensas a serem vítimas de violência sexual.
Crianças portadoras de deficiências associadas com a doença mental ou deficiência intelectual parecem estar entre as mais vulneráveis, com 4,6 vezes maior risco de violência sexual em comparação com crianças não deficientes.
A revisão oferece a mais forte evidência disponível sobre a violência contra crianças com deficiência. Os 17 estudos incluídos refletem dados de 18.374 crianças com deficiência de países de alta renda - Finlândia, França, Israel, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos - destacando a necessidade urgente de pesquisa de alta qualidade em países de baixa e média renda.
Fatores de risco
Fatores que colocam as crianças com deficiência em maior risco de violência incluem o estigma, a discriminação e a ignorância sobre a deficiência, bem como a falta de apoio social para aqueles que cuidam dos jovens.
Colocação de crianças com deficiência em instituições também aumenta vulnerabilidade das mesmas à violência. Nessas configurações e em outros lugares, as crianças com distúrbios da comunicação são prejudicados na sua capacidade de divulgar experiências abusivas.
"Os resultados desta análise, provam que as crianças com deficiência são desproporcionalmente vulneráveis à violência e suas necessidades têm sido negligenciadas por muito tempo", observa Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção de Violências e Lesões da ONU. "Sabemos que existem estratégias específicas para prevenir a violência e atenuar as suas consequências. Precisamos agora determinar se elas funcionam para as crianças com deficiência. Uma agenda para a ação precisa ser definida", conclui.