Após a divulgação de um estudo americano mostrando que a crescente resistência de pacientes a antibióticos se deve à prescrição desnecessária desses medicamentos por parte dos médicos de clínicas particulares, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, manifestou-se dizendo que há excessos também no Brasil. Ele apontou a má formação médica como a principal causa. A pesquisa foi publicada, nesta semana, na edição online da revista Clinical Infectious Diseases.
Segundo Florentino, muitos profissionais no país prescrevem um determinado tipo de antibiótico quando o mais adequado seria outro. "E certamente o uso abusivo de antibióticos contribui para a resistência aos antimicrobianos", diz. De acordo com ele, "se existem hoje no Brasil quase 200 escolas de medicina, a primeira medida deveria ser formar melhor nessas faculdades já existentes", reitera.
Ainda segundo o presidente, para que estes excessos na prescrição de antibióticos sejam prevenidos, a AMB recomenda sempre o ensino médico continuado aos profissionais. "Nós temos no conjunto do nosso grupo todas as sociedades brasileiras de especialidades. Porém, se a pessoa é mal formada ou não participa da educação médica continuada, aumenta o risco de cometer erros", afirma.
Florentino alerta que os casos de abusos nas prescrições de medicamentos deverão ser notificados para que sejam apurados pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), que são os órgãos responsáveis pela disciplina do exercício ético da profissão.