Casais gays que estão criando filhos podem sofrer alterações de estilo de vida capazes de reduzir risco de infecção pelo HIV. É o que aponta estudo publicado no Couple and Family Psychology.
"Quando os casais gays se tornam pais, ficam muito focados nas crianças, além de cansados, com menos tempo para comunicação e menos desejo por sexo", diz a pesquisadora envolvida no estudo Colleen Hoff, da San Francisco State University, nos Estados Unidos. "Eles passam por muitas das mesmas alterações que os casais heterossexuais que têm filhos passam."
Nos Estados Unidos, aproximadamente um em cada cinco casais gays cria filhos. A equipe de Hoff estudou se o fato de se tornarem pais faz com que casais gays alterem hábitos de forma que os protegem de comportamentos sexuais de risco, ou se o estresse da paternidade levava ao aumento dos riscos para a saúde, como infidelidade e sexo desprotegido com parceiros externos. Os pesquisadores entrevistaram 48 casais gays que estão criando filhos juntos.
"Nós descobrimos que os pais gays têm menos tempo para o sexo e menos ênfase na sexualidade, o que pode significar que eles correm menos risco de infecção pelo HIV", diz Hoff. "Muitos pais disseram que sentem um senso de responsabilidade para com seus filhos o que os motiva a evitar comportamentos sexuais de risco."
Muitos dos casais relataram que ter um filho aumentou o grau de compromisso entre os membros do casal e aprofundou o relacionamento. Os pais relataram terem desenvolvido uma nova admiração pelo parceiro ao o observarem como pais.
Os casais disseram fazer sexo com menor frequência após a paternidade, mas poucos apontaram a questão como um problema. "Entre os pais que estudamos, houve essa aceitação pragmática de que é isso que acontece nesta fase da vida", disse Hoff.
Um dado surpreendente é que a paternidade não afetou os acordos sexuais dos casais - os contratos que muitos casais gays do sexo masculino fazem sobre se o sexo com outros parceiros é permitido.
"Não houve a mudança que nós pensamos que poderíamos encontrar", destaca Hoff. "Para a maior parte, aqueles que eram monogâmicas antes de se tornarem pais disseram que ficaram com esse arranjo. Aqueles que tiveram relacionamentos abertos antes de ter crianças relataram que mantinham esse acordo."
Embora algumas das mudanças de estilo de vida associadas à paternidade possam reduzir o risco de HIV entre casais homossexuais, o estudo destaca algumas mudanças que poderiam suscitar problemas para os casais com acordos sexuais abertos. Estes casais tiveram menos oportunidades para discutir seus acordos sexuais uns com os outros, e alguns homens disseram que, uma vez que se tornaram pais, se sentiam desconfortáveis para falar com amigos e com seu médico a respeito de estarem em um relacionamento aberto.
"Alguns homens sentiram que existe essa suposição de que se você é um pai gay então é monogâmico", diz Hoff. "Esse tipo de estigma em torno da sexualidade dos pais gays poderia ser uma preocupação se os pais gays estão relutantes em falar com seu médico sobre o seu acordo sexual e fazer o teste de HIV", explica a pesquisadora.