Profissionais da Faculdade de Medicina (FM) da Unesp de Botucatu, em São Paulo, realizaram, com sucesso, procedimento raro para retirada de um tumor alojado na região abdominal de uma paciente. A técnica, denominada Peritoniectomia com Quimioterapia Hipertérmica Intra-abdominal, foi utilizada como tratamento para uma carcinomatose peritoneal causada por um adenocarcionoma mucinoso do apendice cecal.
O tratamento, ainda recente no Brasil e realizado em poucos centros, tem aumentado a sobrevida livre de doenças dos pacientes. Antes da utilização desse procedimento, as sobrevidas eram curtas e, atualmente, podem chegar a vários anos, podendo o paciente apresentar melhora da qualidade de vida e até possibilidade de cura.
A cirurgia consiste na quimioterapia sendo inserida no abdômen do paciente por meio de um cateter. A substância entra em contato com a área operada a uma temperatura de aproximadamente 40 ºC.
De acordo com o médico que coordenou o procedimento, professor Alexandre Bakonyi Neto, a carcionomatose faz com que o peritôneo fique tomado por tumores. Por isso, apenas a retirada da membrana não resolve o problema, é necessária a utilização de quimioterapia. Porém, o método quimioterápico convencional, intravenoso, não resolve. " Os adenocarcinomas mucinosos do apêndice frequentemente se implantam no peritônio, condição conhecida como pseudomixoma peritoneal. Os agentes quimioterápicos citotóxicos administrados por via sistêmica apresentam baixa concentração na cavidade peritoneal, sendo insuficientes para eliminar lesões residuais, mesmo microscópicas" , explica.
O procedimento representa uma nova modalidade de terapêutica para pacientes com esse tipo de câncer. As carcinomatoses secundárias são as mais frequentes, na maioria das vezes originárias de tumores primários de ovário e apêndice.
A cirurgia associada à quimioterapia teve duração aproximada de 10 horas. A paciente teve alta e passa bem. De acordo com os médicos, é possível que não sejam necessárias outras sessões de quimioterapia.